As obras viárias construídas na região de Seropédica (RJ) afetam diretamente a vida dos pequenos produtores rurais de orgânicos. O Arco Metropolitano vai fazer a ligação entre quatro polos industriais e cortará os sítios agroecológicos do município trazendo impactos sociais e ambientais. Os agricultores locais dependem da renda dos produtos vendidos para sobrevivência e são desapropriados de suas terras.
Em matéria publicada no jornal Valor (26/07), o secretário de Desenvolvimento do estado Júlio Bueno conta que tudo que veio para a região tem relação com a rodovia e superestima a atração de novos negócios para o local. Ainda afirma que não há um planejamento integrado para toda área.
Segundo o governo, essa obra é um grande empreendimento para o desenvolvimento de ampliações das vias, melhorias nos fluxos de trânsito, além da criação de empregos. A outra face disso tudo não é divulgada, nem o lado das pessoas que são removidas de suas propriedades por conta de tais decisões impostas. Os proprietários nem sempre são indenizados de forma justa, permanecendo em completa vulnerabilidade social.
A situação dos agricultores familiares é muito complicada e se tornou ainda mais com a construção do Arco. A legislação que regulamenta as atividades agrícolas exclui a realidade da agricultura familiar nos municípios, segundo informações do site Rede Ecológica. O maior consumidor na região era o restaurante Erva Doce, localizado na UFRRJ, que se encontra fechado atualmente por motivos de gestão.
Malefícios trazidos pelas obras
Para tentar ajudá-los de alguma forma, como parte de um projeto de extensão do grupo PET Inclusão, será organizada a criação de Feiras Agroecológicas na UFRRJ de compras coletivas. A iniciativa visa atender professores e funcionários interessados nos produtos orgânicos dos agricultores regionais.
Alguns alunos orientados pelo tutor/professor e cientista social José Cláudio Souza Alves fizeram visitas nas fazendas para ter contato com a realidade desses trabalhadores. Os moradores dos sítios onde passará o final do traçado ainda estão negociando indenizações para sair de seus imóveis.
O morador e produtor orgânico João Pimenta está insatisfeito com o valor e o prazo que tem para realocar do lugar. Eles relatam os malefícios trazidos pelas obras. Reclamam da falta de apoio da prefeitura e da Universidade, pois não contam com incentivo para ter acesso aos mercados e ampliação das feiras.
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Adão Ferreira Filho é estudante de Jornalismo