Escrever é verbo transitivo. Escreve-se para o leitor. Contemporâneo, ele vive no século XXI. Tem à mão livros, jornais, revistas, rádio, TV e o universo sem fim da internet. As 24 horas do dia são insuficientes pra abarcar tanta informação. Resultado: os textos longos, exibidos, cheios de erudição caíram de moda.
As novas tecnologias revolucionaram a escrita e a leitura. Econômicas mensagens eletrônicas ganharam espaço e prestígio. Os esbanjadores verbais têm de se conter e se curvar ao estilo moderno. Nele imperam duas regras de ouro. Uma: menor é melhor. A outra: menos é mais.
Como chegar lá? Ninguém precisa inventar nada. Nem abdicar da norma culta. A língua oferece os recursos para quem quer algo mais do que escrever. Quer escrever melhor – dar recados claros, concisos e prazerosos. Com humor, este livro apresenta o passo a passo do dizer muito com pouco. São técnicas que permitem cortar ou lipoaspirar os excessos.
Gordurinhas aqui e ali? Nem pensar. Bisturi nelas. Na primeira parte, comentamos as várias línguas que falamos e escrevemos. Entre elas, a culta, ensinada nas escolas e exigida em provas, concursos e na vida profissional. Também a das salas de bate-papo, em que imperam as abreviaturas, as trocas de letras, a invenção de códigos. Pais e mães arrancam os cabelos quando dão uma espiadinha na tela e veem o “horror”. Bobeiam.
Gosto do freguês
Poliglotas na nossa língua, sabemos que o tal internetês tem vez só nos chats. Ali não cabem cerimônias, senhorias e excelências. Não é questão de certo e errado. Mas de adequação. Como escreveu Saramago, “não falamos português, falamos línguas em português”.
Nas duas partes seguintes, convocamos o metro e a tesoura. Um fica de olho na extensão de palavras e frases. A outra toma providências cirúrgicas – corta. Na última, 300 diquinhas de português em até 140 caracteres jogam luz sobre velhos calos da língua – crase, concordâncias, regências, etimologias, grafias espinhosas.
Livrar-se deles abre portas. A língua culta funciona como passaporte para a liberdade. Conhecendo-lhe as manhas, podemos escolher, brincar e entrar na onda das novas mídias. Rainha que não perde a majestade, a língua se submete feliz ao gosto e às urgências do freguês. Dê uma olhadinha.