Como venho fazendo a cada dois meses, apresento os números referentes ao atendimento ao leitor em maio e em junho. A participação do público que acompanha os produtos do Grupo de Comunicação O POVO, por vezes, surpreende. O olhar atento, a observação apurada e a opinião crítica fazem com que, cada vez mais, tenhamos a certeza de que o público preza pela qualidade e tem sofisticado o processo de comunicação. Não é mais meramente passivo no consumo da informação. Quer interagir, sobretudo.
A maior parte dos contatos ainda é feita para relatar situações do jornal impresso. Mas ouvintes da rádio e internautas que acompanham o portal também têm sido frequentes. O item “Críticas/reclamações” ainda é responsável pela maioria dos atendimentos que faço. Têm-me surpreendido, no entanto, a quantidade de leitores que apontam nossos erros de português e, acima de tudo, a qualidade na cobrança. Eles questionam o porquê de a ferramenta de trabalho do jornalista ser mal cuidada como é.
De fato, lidamos com a palavra e tratamos nosso idioma muito mal. Erros de ortografia continuam no jornal e no portal, assim como equívocos gramaticais e má construção de texto. Em tempos nos quais revisor é figura rara nas Redações, o jornalista precisa cuidar mais do seu texto, sob pena de ter seu nome e o do jornal expostos ao vexame. Mas não é um processo fácil. Os erros cometidos por um jornalista profissional, que trabalha em um veículo impresso, não têm como causa uma formação deficiente no ensino superior. Muitas vezes, a raiz é mais longa e remete a falhas na educação básica.
ATENDIMENTO. Em maio, foram 81 atendimentos. Desses, 40 foram críticas/reclamações, a maioria. No mês passado, o número de atendimentos chegou a 75 – uma quantidade menor devido, talvez, aos muitos feriados que junho teve, por conta da Copa do Mundo. O número de atendimentos quanto aos erros de português cresceu, como pode ser visto no gráfico abaixo.
ERRAMOS. A quantidade de Erramos que publicamos ainda é alta. Foram 32 informações retificadas em maio e 26 em junho. Em abril, foram 30. Em março, 19. Em fevereiro, 39. Em janeiro, 45. Continuamos errando e continuamos reconhecendo o erro. As correções são publicadas na editoria em que o erro foi veiculado. Em muitas vezes, é difícil convencer a Redação de que a informação precisa ser corrigida logo. Em junho, levou-se um mês para a publicação correta de informações veiculadas pelo jornal. Um mês para checar o erro, confirmar o equívoco e publicar a correção.
Entendo o malabarismo que é reunir a grande quantidade de informações com o número cada vez menor de páginas. Mas informação errada precisa ser consertada. De preferência, logo. Seja um erro de português em um título, seja uma informação incorreta, seja o equívoco no nome de alguém.
OBRIGADA! Não posso deixar de agradecer aos leitores que dispensam parte do seu tempo a comentar os produtos do O POVO. Se procuram o serviço do ombudsman, é porque sabem que têm um canal para receber sua avaliação ou seu problema. Críticas, sugestões e elogios são repassados sempre à Redação ou a outro setor responsável. Nas avaliações internas de todo dia, não menciono os nomes dos leitores, a não ser que haja uma autorização por parte deles. Só são identificados, tanto na avaliação interna quanto nesta coluna, quando eles permitem que isso seja feito. Isso preserva o cuidado com o leitor, sem desmerecer seu comentário.
Não consigo resolver algumas situações, principalmente referentes à assinatura ou a anúncio, por exemplo, mas sou responsável por mediar a solução do conflito. E se recorrem ao profissional que ocupa o cargo de ombudsman, é porque sabem que têm um meio mais rápido para resolver a pendência.
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Daniela Nogueiraé ombudsman do jornalO Povo