Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A Amazon lança nos EUA uma taxa fixa para livros eletrônicos

Perfeito para os leitores mais obstinados, nem tanto para os que preferem as leituras escolhidas – muito menos para os autores, cujo valor recebido por livro vendido permanece o mesmo. O novo modelo de assinatura de leitura da Amazon, no momento disponível somente nos Estados Unidos, oferece acesso a 600.000 livros por 22 reais mensais. Funciona tanto em computadores como nas aplicações para iPhone, iPad e Android. Nas condições de uso, dizem que é possível baixar até 10 livros simultaneamente.

‘Unlimited’, ilimitado em português, a denominação do serviço, inclui títulos muito populares como as sagas dos Jogos Vorazes, Harry Potter e o Senhor dos Anéis, mas não oferece grandes autores nem lançamentos das editoras mais conhecidas. Após navegar pelos arquivos oferecidos, se observa que faltam as últimas novidades, quase tudo é catálogo morto e livros auto-publicados por seus autores. Os líderes já não serão os mais vendidos, e sim os mais lidos. Soa bem na teoria, mas ainda não foram reveladas as condições de remuneração para os editores e criadores. Até agora, o trato é similar ao da Apple, 30% para o vendedor e 70% para o autor do livro.

Se a quantidade de assinantes crescer e se tornar considerável, será uma arma para pressionar a indústria e convidá-los a publicar neste formato. A editoras perderiam por completo a gestão do preço, só podendo controlá-lo na venda unitária.

O primeiro mês, de teste, é grátis. Dentro dos mais de meio milhão de arquivos oferecidos encontram-se 2.000 áudio-livros, um gênero muito popular nos Estados Unidos, não somente entre quem tem deficiência visual, já que são usados no carro, o lugar no qual mais tempo se passa nos EUA depois da casa e do trabalho.

Russ Grandinetti, vice-presidente da Kindle, insiste em que a combinação entre ambos os formatos é uma de suas grandes forças. Pode-se começar a leitura de um livro de texto e continuar escutando de onde parou e vice-versa.

A Amazon quer que as pessoas voltem sempre ao seu universo de vendas. Com essa oferta, assegura uma renda mensal fixa e uma base de usuários fiéis para abraçar e oferecer conteúdo um pouco mais exclusivo. É assim que funciona a Prime, sua taxa fixa anual de envios a domicílio no qual incluem acesso aos seus filmes. Consegue-se incentivar um número maior de vendas ao criar para o usuário a sensação de ressarcimento ou não perceber o envio como um gasto adicional. A margem é menor, mas ganham se o volume de compras cresce.

Diferentemente da música, cujo formato ao estilo Spotfy foi tomado com referência, nos livros cada unidade não é consumida em menos de cinco minutos. Fazendo as contas, é necessário ler em média ao menos dois livros mensais, incluindo quatro se forem auto-publicados, para que compense ao leitor.

No Brasil, o iba clube tem uma proposta parecida e oferece acesso a versões digitais de revistas por meio do pagamento de uma assinatura mensal. A assinatura custa R$ 19,90 e dá acesso a títulos de pelo menos seis editoras. Nos EUA, a Amazon tem como concorrentes a Oyster, que cobra 22 reais por um catálogo de meio milhão de livros. Também a Scribd, que fica em 20 reais por 400.000 exemplares.

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Rosa Jiménez Cano, do El País