A família Forbes, emblema da riqueza americana e precursora do jornalismo de empresas, cederá o controle do império midiático que cultivou durante quase um século vendendo uma participação majoritária a um grupo com sede em Hong Kong. A transação cotou a Forbes Media LLC em US$ 475 milhões, disse uma fonte do setor que pediu não ser identificada porque os termos são privados.
O acordo, anunciado nesta sexta-feira, entregará a revista Forbes e seu popular ranking das pessoas mais ricas do mundo a um conjunto de investidores liderados pela Integrated Asset Management (Asia) Ltd., fundada pelo investidor Tak Cheung Yam, disse a Forbes em um comunicado.
“O grupo de investidores fornecerá capital, bem como experiência financeira e operacional, e almeja aproveitar suas relações internacionais para ampliar estrategicamente o alcance da Forbes Media em uma escala internacional”, disse a Forbes.
Steve Forbes, diretor da família e candidato a presidente dos EUA duas vezes, colocou a matriz da revista, a Forbes Media LLC, à venda em novembro, após anos de lucros decrescentes causados pela penetração da mídia digital na receita por anúncios antes possuída pela mídia impressa. A princípio, quando contratou o Deutsche Bank AG para administrar a venda após receber o interesse de potenciais compradores, Forbes procurava obter US$ 400 milhões, disse uma fonte do setor.
O novo grupo de investidores também inclui Wayne Hsieh, um dos fundadores da Asustek Computer Inc. na Cingapura, disse Forbes. A Elevation Partners, a empresa de investimentos chefiada por Roger McNamee, venderá sua participação na Forbes como parte da transação.
Ainda presidente
Steve Forbes continuará sendo presidente e redator-chefe e o CEO Mike Perlis continuará chefiando a empresa. A Forbes Media, que inclui a revista, propriedades digitais, conferências e pesquisas, é lucrativa, disse a companhia.
Espera-se que a transação seja completada neste ano. A Cadwalader, Wickersham Taft forneceu conselho legal à Forbes Media. O Credit Suisse Group AG aconselhou o grupo de investidores, cujo conselho legal veio da Skadden, Arps, Slate, Meagher Flom LLP e da LKP Global Law LLP.
A venda sinaliza a persistência do declínio das dinastias midiáticas americanas, um grupo de elite outrora próspero que incluía a família Chandler, dona do jornal “Los Angeles Times” até sua fusão com a Tribune Co. em 2000; a família Bancroft, que vendeu o “Wall Street Journal” a Rupert Murdoch, e a família Graham, que encontrou em Jeff Bezos, fundador da Amazon.com Inc., um novo dono para o “Washington Post”.
Finanças da Forbes
Forbes projetou uma receita de US$ 144,6 milhões para 2013 e de US$ 162,8 milhões para 2014, segundo o livro promocional obtido por Ken Doctor, analista de mídia da Outsell Inc. Doctor publicou o conteúdo dos documentos no site do Laboratório Nieman de Jornalismo da Universidade Harvard.
A empresa também estimou que seus lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização alcancem US$ 33,4 milhões neste ano, segundo os documentos. Normalmente, uma revista é vendida a 5 ou 6 vezes seu Ebitda, o que implica um valor mais próximo de US$ 200 milhões para a Forbes, disse Doctor.
Outras editoras também estão vendendo marcas de revistas célebres no intuito de combater o declínio dos anúncios na mídia impressa. Em agosto, a IAC/InterActiveCorp vendeu a revista Newsweek à IBT Media, e em 2009, a McGraw-Hill Cos. vendeu a Businessweek à Bloomberg LP, matriz da Bloomberg News.
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Da Bloomberg