Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Rocinha e São Gonçalo

Por mais que a criação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) se esteja fazendo mediante incorporação de novos policiais aos quadros da PM fluminense, como anunciam as autoridades, houve desfalque de policiamento em áreas menos prezadas pelo governo estadual, informa o coronel da reserva da PM Jorge da Silva em seu blogue.

Ele apresenta os seguintes números:

>> Rocinha (com UPP): 71.085 habitantes, efetivo de 700 homens;

>> São Gonçalo (sem UPP): 1.025.000 habitantes, efetivo de 650 homens (7O Batalhão da PM).

Pode-se acrescentar que São Gonçalo tem 249 quilômetros quadrados e a Rochinha, 1,4. O mapa abaixo, tentativo, tem a pretensão de ilustrar a disparidade territorial.

A população de São Gonçalo é 14,4 vezes maior do que a da Rocinha. Seu território, 178 vezes maior. Segundo Jorge da Silva, São Gonçalo “tem dezenas de ‘comunidades’ dominadas por traficantes (Jardim Catarina, Complexo do Salgueiro, Morro do Castro, Chumbada, Novo México, etc.)”.

Silva faz duas reflexões ausentes do noticiário (os jornais e a TV Globo são encomiásticos; recusam-se a constatar que UPP não é solução duradoura):

1. Se a concentração de recursos fosse solução, teria valido a pena, “ainda que com prejuízo da ‘periferia’ e do policiamento do ‘asfalto’. Acontece que […] os traficantes continuam com as suas atividades, armados até os dentes; pior: distribuídos por um número bem maior de ‘comunidades’.”

2. “O esvaziamento verificado no batalhão de São Gonçalo também aconteceu em praticamente todos os BPM do estado, em particular os da periferia e do interior.”

Ele afirma que a redistribuição dos homens não se faz com base em critérios técnicos usados rotineiramente pela PM. E chama a atenção para o fato de que a Polícia Militar é uma instituição estadual, sugerindo assim que ela está sendo usada pelos governantes como se fosse uma polícia municipal.