Jornais do estado de Manipur, na Índia, não foram publicados nesta quarta-feira (19/4), em protesto dos jornalistas locais contra o seqüestro de seis editores e contra uma proibição imposta por um partido separatista ao diário em língua inglesa Imphal Free Press. ‘Se não há jornais hoje, é porque nós queremos falar para todos que a liberdade de imprensa não pode ser controlada’, afirmou Rajesh Hijam, editor do jornal Sanghai Express.
O incidente teve início quando uma facção militante do Partido Comunista de Kangleipak convidou alguns editores de jornais da cidade de Imphal para uma coletiva com seus líderes, no domingo (16/4). O objetivo real do encontro, entretanto, era fazê-los reféns. Um dos editores raptados, que não quis se identificar, afirmou que a coletiva nunca foi realizada – os militantes apenas trancaram o grupo em um quarto.
Os editores foram libertados na segunda-feira (17/4), somente depois da publicação de uma declaração sobre o aniversário de fundação do partido. Todos os jornalistas faziam parte do grupo Fórum de Editores de Manipur. O Fórum havia decidido, há alguns meses, não publicar declarações do Partido Comunista de Kangleipak, tendo em vista a dificuldade de acompanhar com detalhes todas as facções depois de muitas divisões ocorridas dentro do grupo separatista. Na ocasião, os editores afirmaram que só voltariam a publicar declarações do PCK depois que a situação ficasse mais clara.
Violência contra jornalistas
Os reféns afirmaram que os militantes impuseram uma proibição de três meses ao diário em língua inglesa Imphal Free Press, com a justificativa de que o jornal havia deturpado uma das declarações do partido – mas os detalhes da proibição não ficaram claros. O jornal alegou que não se intimidaria. ‘É uma situação difícil para nós. Mas vamos continuar a publicar o jornal como sempre – exceto na quarta-feira, devido ao protesto’, afirmou Pradip Phanjoubam, editor do Imphal Free Press.
Nos últimos anos, pelo menos quatro jornalistas foram mortos a tiros por insurgentes em Manipur, embora as razões para os assassinatos não tenham sido confirmadas. O estado tem 17 grupos separatistas que desafiam as autoridades. Foi intensificado o número de policiais e patrulhas paramilitares em Imphal, mas um representante da polícia de Manipur afirmou que nenhum jornalista pediu segurança especial. Informações da AP [19/4/06].