O leitor do O POVO tem sentido falta, nas últimas semanas, do caderno semanal que reunia vagas de empregos locais e nacionais. Antes publicado aos domingos, o suplemento “Empregos” não está mais sendo veiculado. A edição se constituía em uma boa fonte de pesquisa para quem queria se atualizar quanto ao mercado. Havia vagas de diversas áreas agrupadas nas páginas, além de avisos sobre a publicação de editais para concursos públicos. A última edição fora publicada em 29 de junho.
Procura
A busca por empregos e estágios em instituições privadas e a procura por informações acerca de concursos são assuntos dos mais comentados ultimamente. Causa estranhamento que o tema não pareça mais interessante ao jornal – que, além de mostrar enfraquecimento editorial, perde leitor.
Recebi, nas últimas semanas, várias mensagens de leitores perguntando pelo suplemento – que deixou de ser publicado sem qualquer aviso ao público. Uns achavam que havia ocorrido uma falha na entrega. Afinal, para muitos, era o assunto mais esperado do domingo. Boa parte dos leitores deve migrar para o jornal concorrente, que disponibiliza um caderno com o mesmo formato, também veiculado aos domingos. A diferença é que o suplemento do Diário do Nordeste inclui matérias e dicas sobre empregos, com colunas de especialistas no assunto, como professores e profissionais de recursos humanos.
O que diz a Redação
Jocélio Leal, editor-executivo do Núcleo de Negócios, que era responsável pelo suplemento, informa: “O conteúdo referente a concursos e empregos foi substituído pela seção Vida & Trabalho, sempre aos domingos”.
Vida & Trabalho
A seção semanal Vida & Trabalho é publicada na editoria de Economia, em uma página, e não comporta a grande quantidade de vagas de empregos que antes eram contempladas no caderno “Empregos”. Há, geralmente, uma matéria acerca de um assunto sobre o tema trabalho e, quando sobra espaço, algumas vagas são publicadas em notas menores. Não é o espaço ideal, dada a relevância do assunto, ao considerarmos o interesse que desperta no leitor.
Os erros de português
É utopia imaginarmos que chegaremos à marca de erro zero em uma edição de jornal. São dezenas de páginas construídas a várias mãos, sob vários olhares. Os erros acontecerão – sejam de informação, sejam referentes à língua portuguesa. Com a Redação sempre se renovando, os textos ficam mais vulneráveis à presença das falhas, porque a experiência, a maturidade profissional e a assimilação dos padrões exigem tempo.
Ou seja, continuamos errando. A língua portuguesa sofre variações a cada edição. Na semana passada, recebi a ligação de uma leitora apontando um texto publicado no jornal em que cometemos a terrível confusão entre “traz” (flexão do verbo trazer) e o termo “trás”. A frase era: “É verdadeiro ícone que trás (sic) em cada pedaço um pouco da nossa história”. Não foi construída por um jornalista do O POVO, mas foi validado por algum. Deixamos passar o erro.
Para além da falha, responsabilidade nossa, o questionamento da leitora nos lembra da importância do jornal como instrumento de educação. “Vocês não revisam os textos? Sei que o texto está comunicando, mas, pela norma culta, está equivocado. Minha filha lê o jornal para estudar para concurso. Como essa geração que está estudando pelo jornal vai aprender desse jeito?”, questionou-me a leitora.
Não há fórmula: é preciso mais dedicação. Não podemos mensurar o alcance que os nossos textos têm nem podemos garantir que o “Erramos” publicado posteriormente atinja os mesmos leitores que absorveram a informação errada. Assumir a falha é muito importante, mas esforçar-se para evitar que erros básicos continuem a acontecer é imprescindível.
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Daniela Nogueira é ombudsman do jornalO Povo