Um artigo publicado no New York Times em que Rick Perlstein, autor da biografia política The Invisible Bridge: The Fall of Nixon and the Rise of Reagan, é acusado de plágio fez com que o jornal se tornasse alvo de críticas, algumas citando até um possível ataque político por trás da pesada alegação.
No artigo publicado, o Times relata que proeminentes críticos literários e acadêmicos fizeram resenhas acusando Perlstein de plágio, e que as acusações mais sérias vinham de Craig Shirley, autor de Reagan’s Revolution, outra biografia sobre o ex-presidente Ronald Reagan: Shirley denunciava que seu trabalho havia sido utilizado em 50 passagens, sem o devido crédito. O texto do jornalão também citava 19 exemplos de linguagem duplicada por parte do autor.
Margaret Sullivan, atual ombudsman do New York Times, analisou as críticas que o Times recebeu por causa do artigo. De acordo com ela, uma da pessoas que criticaram o texto foi o escritor e colaborador da New Yorker Jeffrey Tobin, que em um email afirmou que “a acusação de plágio é algo extremamente sério. Tais acusações podem arruinar carreiras”. Ressaltando que Perlstein é um historiador de esquerda e Shirley é um escritor de direita, Tobin classificou a acusação de um “ataque político disfarçado de controvérsia sobre ética”.
Outro crítico do artigo, o jornalista Felix Salmon descreveu a questão como “uma controvérsia inteiramente falsa criada por pessoas de direita que acham que Reagan é Deus e que qualquer crítica sobre ele vinda da esquerda, independente de inteligente ou bem fundamentada, equivale a blasfêmia”.
Legitimidade à acusação
A ombudsman entrou em contato com Bill Brink, que editou o artigo, e expôs a ele algumas das críticas recebidas. Para Brink, “o jornal escreveu sobre as acusações porque era algo que estava sendo falado” e, na opinião dele, “nós fizemos isso de maneira responsável, contextualizando”.
Na análise de Margaret Sullivan, o jornal errou ao dar voz às acusações de plágio. Ao abordar o assunto, o Times deu uma legitimidade para a acusação que ela talvez não merecesse. Para a ombudsman, o jornal ampliou a discussão sobre o plágio sem antes estabelecer sua veracidade. Os padrões do diário devem ser mais altos, concluiu a representante dos leitores.