Na semana passada, os jornais abriram espaço para as declarações de Roberto Carlos de que está “escrevendo sua autobiografia”, e que 30% do primeiro volume (sim, serão dois volumes) já “estavam escritos”.
Ótimo. Depois de se ver obrigado a processar e mandar prender jornalistas e escritores que se arvoraram em escrever sobre sua vida –que, como se sabe, só a ele pertence–, finalmente a teremos em livro, e pela única pessoa autorizada a fazer isso: Roberto Carlos.
Como ninguém o conhece mais do que ele próprio, Roberto Carlos poderá dar sua versão –que, vindo dele, será a verdadeira e definitiva– sobre os assuntos que tanto o incomodaram nos livros a seu respeito. Devem ser assuntos delicados. Mas, com isso, prestará um serviço a muitas pessoas que talvez partilhem seus possíveis problemas e gostarão de vê-los assumidos por um homem tão poderoso.
Um capítulo revelador deverá referir-se à sua participação, em 2013, na campanha contra as tentativas de libertar as biografias da exigência de autorização do biografado ou dos herdeiros deste. Mal podemos esperar para conhecer em detalhes o mal-estar que se apossou de alguns de seus colegas, que, em certo momento, se sentiram chamuscados pela opinião pública, enquanto o “Rei” –o principal interessado na censura–, como sempre, saía ileso.
Pena que a notícia de que Roberto Carlos estaria escrevendo uma autobiografia não seja nova. Repete-se e é comprada por cada geração de jornalistas. Desta vez, ele acrescentou que a gravação de suas memórias, abrangendo seus primeiros 25 anos de vida, “seria entregue a uma equipe responsável por escrever os livros”. Deduz-se então que nem uma linha está escrita. E nem o será enquanto ele não completar a gravação das memórias sobre seus, até agora, 74, digo 72, anos de vida.