Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Voto é secreto e nem as pesquisas podem saber dele

As pesquisas de intenção de voto têm cumprido um verdadeiro desserviço à sociedade brasileira. Em um contexto de reviravolta na corrida à eleição, com a candidatura de Marina Silva lançada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) substituindo Eduardo Campos, a primeira pesquisa que apontava uma possível vitória de Marina no segundo turno teve seus resultados divulgados antes mesmo de a candidatura acreana ser oficializada elançada.

Esse fato, por si só, já mostra que, em um momento de extrema comoção nacional, pode ter havido oportunismo por parte das instituições que encomendam as pesquisas – as Organizações Globo e a Folha de S.Paulo. O brasileiro, naquele momento, talvez ainda não tivesse tido tempo suficiente para assimilar as mudanças no quadro de presidenciáveis para, se fosse o caso, escolher um novo candidato.

Mas esse é apenas um exemplo. As pesquisas, que seriam um instrumento de reverberação da opinião popular, acabam pautando votos de indecisos ou de quem simplesmente não acompanha ou se interessa por política. O discurso de Marina Silva, que propõe uma nova política, e sua repentina popularização são frequentemente associados aos jovens que foram às ruas em junho de 2013 protestar. Mas, em uma rápida análise na linha do tempo de redes sociais, conclui-se que esse grupo não é persuadido e nem atraído pelas propostas da candidata – muitos deles vão votar em Luciana Genro, do PSOL, que, curiosamente, segura a lanterninha das pesquisas.

Os números e a mensagem

Ou seja: esse grupo de cidadãos, que, assim como Marina, clama por mudanças sociais, é erroneamente associado à candidata por um ideal que pode ter propostas e frentes muito diferentes. Assim, a figura de Marina ganha mais e mais popularidade em uma relação infundada.

O DataFolha informou, na quarta-feira(4/9)que, apesar de Marina ser a vencedora em um eventual segundo turno de acordo com as pesquisas de intenção de voto, a maioria dos brasileiros acredita que Dilma Rousseff será reeleita. Existe lógica no fato de a maioria dos eleitores votar em Marina e essa mesma maioria achar que ela não será eleita? Qual mensagem esses números vêm passando para os brasileiros? Nenhuma, pelo que parece.

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Leonardo Moura Rodrigues éestudante de Comunicação Social