Deu tudo ao contrário do que imaginava o “pool” formado por Veja & Associados, na perfeita definição de Alberto Dines para a velha mídia [ver “‘Pool’ da delação compromete isenção da mídia“] que, no último fim de semana, disparou o que seria uma “bala de prata” contra a candidatura de Dilma Rousseff, com a divulgação da “denúncia premiada”, feita por um réu preso, envolvendo políticos e partidos da base aliada do governo num “propinoduto”, que teria sido montado na administração da Petrobras. Até agora, no entanto, não apareceu nenhuma prova.
O objetivo claro era dar uma sobrevida à candidatura presidencial do tucano Aécio Neves, empacado em terceiro lugar nas pesquisas, a quilômetros de distância das favoritas Dilma e Marina Silva, que devem disputar o segundo turno.
A pesquisa CNI/Ibope divulgada agora há pouco, na manhã desta sexta-feira [12/9], confirma as tendências anteriormente registradas por outros três institutos que divulgaram seus levantamentos nesta semana: CNT/MDA, Datafolha e Vox Populi.
Em relação à pesquisa anterior do Ibope, Dilma Rousseff subiu dois pontos e foi para 39%, abrindo oito pontos de vantagem sobre Marina Silva, que caiu dois e ficou com 31%. Aécio Neves ficou exatamente no mesmo lugar em que estava na semana passada, com 15%. Na projeção para o segundo turno, o Ibope apontou empate técnico: Marina com 43% e Dilma com 42%. Os especuladores da Bolsa devem estar esfregando as mãos.
Ex-ministras
Em meio a uma enxurrada de más notícias na economia e a duros ataques do PT contra a candidatura de Marina Silva, as denúncias genéricas contra a “corrupção na Petrobras” nos governos do PT foram, talvez, a última tentativa da imprensa familiar de interferir abertamente no resultado das eleições. O assunto até já sumiu do noticiário, à espera de “novas revelações” para alimentar o discurso de Aécio Neves, que corre o risco de perder as eleições até em Minas Gerais.
As novas pesquisas, agora divulgadas praticamente todos os dias, serviram apenas para mostrar, mais uma vez, a irrelevância dos associados do Instituto Millenium, que, não faz muito tempo, elegiam e derrubavam presidentes. Seus porta-vozes não se conformam, e se tornam cada vez mais raivosos, à beira de um ataque de nervos. Pelo andar da carruagem, a eleição de 2014 será decidida entre duas ex-ministras do governo Lula, deixando fora do jogo o PSDB, pela primeira vez nos últimos 20 anos.
Agora vou-me embora para Porangaba, e vida que segue.
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Ricardo Kotscho é jornalista