Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Confusões na rede

As redes sociais vieram para ficar, embora se modifiquem de tempos em tempos na roupagem. Por mais que se resista, não se consegue escapar delas; alguma nos fisga. Tudo bem, ajudam a interagir, difundem ideias, alimentam debates interessantes – e funcionam, em diversos casos, como disseminadoras de fofocas com velocidade e força devastadora espantosas.

Só em assuntos ligados ao esporte tivemos dois episódios agudos nos últimos dias. O primeiro veio com a conduta mal-educada de torcedores do Grêmio, duas semanas atrás, em jogo com o Santos pela Copa do Brasil. A moça flagrada a chamar o goleiro Aranha de “macaco” teve, em minutos, devassados vida, obra, usos e costumes. Recebeu enxurrada de insultos e ameaças. (Fato semelhante havia ocorrido com o colombiano Zúñiga, na Copa, depois de atingir Neymar em jogo nas quartas de final.)

O rolo mais recente veio à tona no domingo, horas depois de Gilmar Rinaldi comunicar a dispensa do lateral Maicon. A falta de maiores explicações – o dirigente avisou que era “assunto interno” e restrito – estimulou a imaginação de usuários da mídia, com direito a hipóteses variadas para justificar o corte. Houve brincadeiras, porém sobrou maldade. A maior de todas a que insinuava intimidade excessiva entre o jogador da Roma e o corintiano Elias.

Tão grave quanto o boato doentio foi a repercussão em sites – felizmente raros. Mesmo assim, num instante a lorota se alastrou feito incêndio criminoso em favela. Claro que chegou à seleção e bateu em cheio nos envolvidos. Além da reputação dos rapazes, a lama respingou nas respectivas famílias.

Isso é nojento, asqueroso o sujeito que espalha injúrias. Embora não seja novidade, pois a todo momento vemos “denúncias” na rede assinadas por autores famosos que jamais escreveram os textos que lhes são creditados. Época de eleição é fértil nessa modalidade moderna de guerrilha e terror.

Maicon e Elias prometem processar os irresponsáveis e lunáticos da internet, e devem levar o propósito adiante, sem baixar a guarda. E a turma que assumiu a seleção brasileira também pode ser mais clara a partir de agora. Teria sido simples dizer que Maicon fora afastado porque se atrasou, e muito, no horário fixado para o fim da folga.

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Antero Greco é colunista do Estado de S.Paulo