O ombudsman do New York Times, Byron Calame, tratou da linha que separa notícias e opinião em sua coluna de domingo [24/9/06]. Segundo ele, o NYTimes iniciou um esforço para estabelecer uma linha mais clara entre artigos regulares e de opinião em suas páginas noticiosas. “Mas a linha tornou-se tênue”, observa Calame. A mudança mais óbvia é uma nova indicação para uso exclusivo de colunas e críticas, os únicos lugares nas páginas de notícias nos quais a opinião é permitida. Para as várias formas de jornalismo analítico que não têm uma voz pessoal ou ponto de vista, mas que também não são relatórios noticiosos, o ombudsman informou que há um novo formato de cabeçalho.
Os leitores que freqüentemente reclamam que alguns colunistas ou críticos são muito opinativos para estarem nas páginas noticiosas gostarão da decisão do Times. As definições ajudarão a deixar claro que os colunistas de páginas noticiosas não são tão livres quanto aos das páginas de opinião ou editoriais, que funcionam de modo totalmente diferente.
Comitê
Durante décadas, as páginas de notícias publicaram comentários e artigos analíticos – o que foi criticado pelo ex-ombudsman Daniel Okrent em março de 2005. Dois meses depois da crítica do ombudsman, um comitê da redação do jornal recomendou que fosse publicado um cabeçalho mais consistente classificando tais colunas e que elas fossem publicadas alinhadas à esquerda. Isto levou à formação de um comitê exclusivo para pensar em modos de classificar as notícias e opinião, formado por nove editores que trabalharam durante meses na elaboração das novas regras, que passaram a valer a partir da semana passada nas seções que o jornal publica diariamente.
Segundo Calame, os leitores se beneficiarão das novas indicações. Entretanto, o ombudsman tem algumas restrições a elas: o tamanho e a tipologia utilizadas não ajudam os leitores a notar tais delimitações como ele esperava. As colunas são publicadas com o nome do colunista em cima do texto, mas o ombudsman considera que a palavra “opinião” ou “comentário” deveria ser impressa, para deixar ainda mais clara a distinção. Para artigos analíticos que ficam entre opinião e reportagem, o ombudsman sugere a indicação de “análise de notícia” ou “notas do repórter”.
No entanto, a maior frustração de Calame é que as novas regras não se aplicam ao sítio do jornal. Segundo Tom Bodkin, editor-assistente de design e presidente do comitê para classificar notícias e opinião, um novo comitê será criado para estabelecer regras semelhantes para o sítio. Outro ponto que deveria ser revisto, na opinião de Calame, é que tais mudanças só serão aplicadas nas seções publicadas diariamente, e não nas seções semanais. “Vamos continuar monitorando as seções semanais para garantirmos que elas não irão confundir os leitores”, prometeu Craig Whitney, editor-assistente do jornal.
De acordo com as novas regras, a “coluna” é caracterizada por ter “freqüentemente um ponto de vista distinto com base nas notícias”, e “crítica” é “a opinião de críticos sobre áreas nas quais são especialistas’.