Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Da música ao esporte

Os meios culturais costumam fazer uma divisão que opõe o mundo da cultura de massas ao submundo das expressões alternativas: o chamado mainstream (em tradução livre, “corrente principal”) compõe a grande cena da cultura popular, enquanto o underground (“debaixo do chão”) representa o pequeno cenário de artistas desconhecidos pela maioria da população.

Essa polarização é oportuna para comparar o alcance da cobertura dos veículos de massa com um outro campo de profundidade bastante ampliada, a internet. Enquanto a grande imprensa dirige, unilateralmente, um conteúdo para um grande público, a web, por sua vez, oferece espaços em tese ilimitados de informação para públicos de perfil mais segmentado, em uma distribuição de fluxo multilateral, no qual a audiência é também produtora de mensagens e conteúdos. Desse modo, enquanto a mídia tradicional cria uma cena mainstream, a internet abre janelas para cenários alternativos.

Isso explica por que, na era da informação, artistas até então desconhecidos pelos veículos de comunicação tradicionais se serviram de mídias como YouTube e MySpace, aliados às redes sociais como Facebook e Twitter, para se lançarem a um grande público que os desconhecia por falta de espaço na grade de programação de conteúdo oferecida pela mídia dominante.

Os exemplos saltam à vista: o grupo brasileiro de pop adolescente Restart, sucesso de vendas de álbuns, criou uma base de fãs fiéis na internet e tão logo subiu nos palcos das grandes casas de show ao redor do país; nos EUA, o pequeno notável Justin Bieber foi descoberto pelo seu empresário após virar um fenômeno nas mídias sociais; recentemente, o chamado “funk ostentação” tornou-se mais uma febre que extrapola os morros da periferia direto para o circuito de baladas noturnas dos grandes centros urbanos graças à viralização de vídeos compartilhados na internet. Em todos este casos, os artistas foram produtores de seu próprio conteúdo e, ao mesmo tempo, disseminadores de tendências da cultura brasileira.

Ambiente de cobertura

Mas não é só o mundo das artes que se divide em dois polos. No mundo dos esportes, por exemplo, o futebol também se quebra em duas realidades paralelas: de um lado, a grande cena dos times clássicos que disputam campeonatos de primeira classe; do outro, times não menos representativos, mas que concorrem em campeonatos de terceira e quarta divisões.

É nesse contexto que o modelo colaborativo de produção de conteúdo surge para reunir num só endereço o conjunto de iniciativas esportivas, por meio da produção, publicação e compartilhamento de informações que nascem da perspectiva da própria população. Tudo isso acontece graças a plataformas colaborativas que abrigam múltiplos canais de conteúdo e dão maior exposição a internautas interessados em divulgar sua opinião, sua visão.

O acesso do público de nicho à internet, o alcance ilimitado da rede e a visibilidade oferecida pelas plataformas colaborativas permitem criar um ambiente de cobertura expandido que abrange da cena mainstream à cena underground, da cultura pop à cultura alternativa, do Brasileirão ao campeonato de segunda divisão e os regionais.

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Derek Hall é americano e já atuou no mercado de investimentos e como locutor de jogos de basquete. No Brasil, é o fundador do Torcedores.com, portal colaborativo de esportes