Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O mais do mesmo maquiado de verde

Em todos os anos em que ocorrem eleições pipocam propagandas e autopromoções de jornais e revistas, que se dizem equilibrados, imparciais e, claro, defensores incontestáveis do quarto poder e, por assim dizer, da população. Prometem nobres coberturas e encomendam pesquisas incontestáveis – afinal, os números não mentem. Inocentes, como devemos ser, esperamos ansiosos por talisenção. Esperamos.

Em todos os anos em que ocorrem eleições vemos capas e manchetes tendenciosas. Deparamos com pesquisas inacreditáveis e declarações, no mínimo, duvidosas. Sobra acusação, falta honestidade. Importante mesmo é por em pauta o que interessa à grande mídia. As notícias mais parecem artigos de opinião, o que aprendemos no ensino médio a não confundir, certo? Errado. Deve ter muita gente perdida por aí. Em todos os anos em que ocorrem eleições os periódicos parecem destinados a usar um candidato tucano como arma contra a manutenção do Partido dos Trabalhadores no poder. Nas últimas três eleições, falharam e, desta vez, pareciam ir pelo mesmo caminho: Aécio Neves não é fraco, mas também não convenceu – no máximo, garantiria o segundo turno. O ano de 2014, porém, ganhou um tempero diferente. A tragédia enriqueceu o cenário que a imprensa procurava e deu o papel principal para outra candidata.

Enobrecida por sua dor de quase viúva, a acreana Marina Silva virou capa de revista. Os jornais viram nela a possibilidade de vitória e pintaram sua agenda de verde. Como não confiar na vice-presidente escolhida pelo herói Eduardo Campos? Assim, as pesquisas passaram a mostrar Marina quase atropelando Dilma. Aécio, por sua vez, amargou um desconfortável terceiro lugar.

A menos de uma semana do primeiro domingo de outubro, o quadro mudou um pouco, mas não o suficiente para fazer a imprensa acalmar seus ânimos. Ao contrário, a imparcialidade prometida deu lugar a uma campanha escancarada em busca dos até então indecisos. Esses costumam ser a cereja do bolo e a garantia da desejada segunda etapa. Afinal, evitando a vitória da candidata petista no primeiro turno, ainda sobrariam três semanas para manipular mais dados e elaborar mais verdades. Salve-se quem puder.

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Beatriz de Barros Jorge é estudante de Jornalismo