Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mantendo o bom nível

O tema da coluna de domingo [13/7/08] do ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, foi o caso envolvendo os comentários do reverendo Jesse Jackson sobre o candidato democrata Barack Obama. Enquanto esperava para participar de um programa na emissora Fox News, na semana passada, o reverendo teria dito que tinha vontade de ‘arrancar as bolas de Obama’ quando ele tratava mal os negros – sem saber que o microfone estava ligado.


Ainda na semana passada, o diário escreveu sobre a polêmica e sobre as posteriores desculpas de Jackson pelo que o Times chamou apenas de comentários ‘críticos e vulgares’. Porém, muitos leitores do jornalão não conseguiram entender por que Jackson foi vulgar – já que não foram reproduzidos os comentários do reverendo. O Washington Post foi um pouco mais explicativo, porém usou eufemismos para dizer que Jackson sugeriu que ‘queria castrar o candidato democrata’. Para aqueles que ficaram curiosos sobre as exatas palavras do reverendo, o sítio do Post tinha um link para um vídeo sobre a gafe.


Exceção


O New York Post estampou a frase de Jackson em sua capa. O Chicago Tribune e o Los Angeles Times também colocaram o comentário na íntegra, porém no interior do jornal. O Times, por sua vez, só concordou em abrir uma exceção para que o ombudsman usasse os termos exatos de Jackson em sua coluna porque o artigo analisaria justamente a decisão de não publicá-los.


Paul Winfield, editor de notícias do Times, e Chuck Strum, subeditor, foram os responsáveis pela decisão de não reproduzir as exatas palavras de Jackson. Segundo eles, o termo vulgar não era compatível aos padrões do diário. O editor-executivo Bill Keller e a chefe de redação, Jill Abramson, não foram consultados. Jill acredita que eles teriam encontrado uma maneira alternativa de lidar com os comentários do reverendo.


Hoyt, se fosse editor, teria reproduzido as palavras de Jackson, pois, ao não fazê-lo, os leitores do Times ficaram especulando o que o ativista teria dito. Ainda assim, o ombudsman achou válida a decisão de Winfield e Strum de manter um alto nível no diário. Segundo o manual de redação do jornal, não devem ser impressas palavras obscenas. Vale lembrar que 40 mil cópias do Times são distribuídas em escolas dos EUA.