Quando a revista Portfolio for lançada pela editora Condé Nast em abril do ano que vem, os leitores terão acesso a extravagantes matérias ilustradas escritas pelos melhores jornalistas de economia do mundo. A nova publicação, segundo Matthew Flamm [Crain’s New York Business, 25/9/06], tem mais um diferencial: é um dos raros lançamentos multimilionários no atual cenário do mercado editorial americano.
Panorama sombrio
Com os anunciantes e leitores migrando do impresso para a rede, especula-se que o número de lançamentos de revistas nos EUA caia 17% até o fim de 2006. Esta seria a primeira grande queda no mercado desde o período ‘negro’ de 2001, avalia Samir Husni, professor de jornalismo da Universidade do Mississipi. A quantidade de revistas lançadas por grandes editoras deve apresentar um decréscimo de 3% no total, comparado a um aumento de 8% nos últimos anos, estima o professor. ‘O modelo editorial mudou’, observa, acrescentando que a Condé Nast vem desenvolvendo a Portfolio há mais de um ano. ‘Eu realmente duvido que a Condé Nast iria planejar algo tão grande no mercado atual’.
Nos últimos anos, as grandes publishers fecharam publicações como Shop (Hearst), Teen People (Time Inc.), For Me (Hachette) e Cargo (Condé Nast). Em um esforço para focar nas suas maiores publicações, a editora Time Inc. colocou 18 títulos à venda no começo deste mês.
O impacto da rede
Os anúncios online cresceram 38% no primeiro trimestre do ano, de acordo com o Internet Advertising Bureau. Por isso, muitas editoras optaram por investir em plataformas digitais, como sítios e telefones celulares. ‘Nos próximos três ou cinco anos, o foco será em multiplataformas’, avalia Peter Kreisky, presidente da empresa de consultoria Kreisky Media Consultancy.
Os executivos da Condé Nast argumentam, entretanto, que uma revista mensal que oferece análises aprofundadas – como será a Portfolio – não será atingida pela rede da mesma maneira que revistas noticiosas semanais como Newsweek e Time. ‘Os impressos que enfrentam os maiores desafios são aqueles cujo conteúdo você pode encontrar de graça’, afirma David Carey, presidente da editora. O fato de o grupo poder arriscar também pesou para o lançamento da Portfolio. Como uma empresa de administração privada, ela não teve de explicar o investimento de US$ 100 milhões para ansiosos acionistas.