Não é só questão de direita e esquerda – cujo exame fica mais evidente hoje em dia –, mas um problema mais filosófico: que o senso comum causa danos à informação e a verdade que se busca no jornalismo e, finalmente, mas não ultimamente, como dizem os americanos e ingleses, à qualidade do jornalismo praticado atualmente. De algum tempo para aqui tenho notado que as afirmações de senso comum têm sido a base das “informações” do jornalismo diário e seu reflexo na fala das pessoas reflete o próprio grau de informação recebido, o mais das vezes dos noticiários televisivos predominantemente dos canais de TV abertos.
Mesmo assim, as más notícias chegam ao público comum, mesmo veiculadas em TVs fechadas e internet, mais do que supõe a nossa vã filosofia, diria o poeta inglês. E chegam mais rapidamente ainda do que as próprias más notícias. A questão é que os editores e editores-chefes de nossos jornais de grande imprensa televisiva, escrita e digital pressupõem um grau de imbecilidade do público, como já se disse no OI: igual ao de personagens como Homer Simpson que é notório imbecil por ironia criativa de seus desenhistas. E talvez levem isso muito a sério intimamente.
É inevitável que o grau de comodismo da sociedade consumista tenda mais facilmente a não pensar e escrever ou proferir “verdades” populares. Isso fica patente nos “fala-povo” dos telejornais, mesmo que os repórteres disponham do artifício de produtores para escolherem predeterminados falantes entre os populares. Outra observação que já fiz aqui é que, com a mesma facilidade, se coloca culpa no povo das mazelas da sociedade e se eximem os agentes econômicos particulares e políticos, notadamente de perfil conservador, de responsabilidade. Isso funciona como caixa de ressonância multiplicada pelo público consumidor de informação.
Assim, vira círculo vicioso na sociedade que se torna refém de pensamentos sem oxigenação da reflexão mais apurada. Eu gostaria de ter completado meu curso de Filosofia para me dedicar ao estudo do senso comum que, como “Tietê do pensamento”, nele as águas sem oxigênio acabam eliminando a vida, e até o direito a ela.
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Fausto José de Macedo é jornalista