O professor de filosofia francês Robert Redeker, que assinou, em 19/9, artigo no Le Figaro intitulado ‘O que o mundo livre deveria fazer diante da intimidação islâmica’, passou a receber ameaças de morte, noticia a organização Repórteres Sem Fronteiras [29/9/06]. Redeker, de 52 anos, teve que parar de lecionar e agora conta com proteção policial.
O texto opinativo tinha causado polêmica quando o governo do Egito proibiu a entrada do jornal no país em função dele. Na ocasião, o diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung sofreu a mesma sanção por artigo do historiador Egon Flaig sobre a liderança militar de Maomé.
Tentativa de intimidação
‘Estas reações violentas são sinais perturbadores de um desejo de silenciar qualquer debate sobre o Islã’, afirmou a organização em defesa da liberdade de imprensa. Segundo ela, é inaceitável que ameaças e ordens de censura substituam o diálogo e o levantamento de questões. ‘Está na natureza de um artigo de opinião tentar criar um impacto e é compreensível que os comentários de Redeker tenham chocado algumas pessoas’, completa a RSF, ressaltando que a decisão do Figaro em publicá-lo foi simplesmente uma questão editorial.
A organização defende que a polêmica causada pelo texto francês deveria ser debatida pela própria mídia. Qual teria sido a reação se o Figaro tivesse resolvido não publicar o artigo por medo de represálias, como aconteceu recentemente em Berlim com o cancelamento de apresentações da ópera Idomeneo, de Mozart? Seria ‘uma derrota para a liberdade de pensamento’, define. ‘As reações ao artigo de Redeker provaram, infelizmente, que ele estava certo quando escreveu sobre os perigos da ‘vigilância ideológica’ que deve ser combatida’, conclui a RSF.