A mídia americana encontra-se em declínio em todo o mundo. É o que defende o especialista em mídia Jeremy Tunstall, que por três décadas foi figura-chave em pesquisas sobre o tema. Ele publicou, em 1997, o livro The Media Are American (A mídia é americana), que trata do predomínio da mídia americana no mundo. Diante das mudanças ocorridas no panorama mundial desde a década de 70, seu próximo livro – a ser publicado ainda este ano pela Oxford University Press – terá como título The Media Were American: US Mass Media in Decline (A mídia foi americana: Comunicação em Massa dos EUA em declínio, tradução livre).
Segundo Tunstall, a mídia de massa dos EUA ficou no auge no cenário mundial entre os anos de 1944 e 1958. Durante as últimas cinco décadas, entretanto, parece ter havido um declínio na porcentagem da audiência total atingida por ela. O pesquisador alega que, desde 1990, os veículos de comunicação americanos vêm experimentando um declínio maior na audiência mundial e também um declínio em autoridade moral.
Mídia de outros países em crescimento
Enquanto a mídia dos EUA cresceu continuamente, a mídia mundial em geral – e a da Ásia em particular – cresceu em ritmo mais rápido. ‘A mídia dos EUA agora alcança uma pequena porcentagem de uma audiência mundial em rápido crescimento’, observa ele. Tunstall afirma que o declínio da mídia americana foi mais visível em 11 nações (seis delas na Ásia) onde 60,9% da população mundial vivem. Índia, China, Paquistão e Bangladesh correspondem, juntos, a 41,8% da população mundial. Índia, China, Brasil e Japão, hoje, exportam a mesma ou maior quantidade de mídia do que importam.
Com este novo cenário, os EUA também perderam status no ‘agenda setting’ mundial – influência dos meios de comunicação na definição dos assuntos que a sociedade discute no dia-a-dia. O pesquisador lembra que, nos anos 50, os EUA dominavam o fluxo de notícias nos países que não eram comunistas. Na época, das cinco maiores agências de notícias do mundo, três eram americanas – Associated Press, United Press e International News Service (INS). A única agência não-americana de peso era a britânica Reuters.
As mudanças também atingiram as redes de televisão. ‘As emissoras de TV dos EUA tiveram sua reputação drasticamente reduzida e os anos de sucesso da CNN estão no passado. A mídia dos EUA está sendo vista em todo o mundo como ‘amiga do Pentágono’’, avalia. Tunstall também observa que a indústria cinematográfica ganhou força em países como China e Índia, com produções locais em idiomas regionais. Informações de Indo Asian News Service [28/9/06].