Morreu nesta terça-feira (21) aos 93 anos, de causas naturais, Ben Bradlee, editor-executivo do jornal “Washington Post” no caso Watergate, escândalo que levou à renúncia do presidente Richard Nixon em 1974.
Entre 1968 e 1991, período em que ficou no cargo, Bradlee fez com que o “Washington Post” se tornasse um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos.
No caso Watergate, ele deu autonomia para que os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein continuassem a buscar indícios do envolvimento do governo de Nixon com o assalto à sede do Partido Democrata.
A investigação levou a 400 reportagens, publicadas em 28 meses. Com isso, o jornal ganhou o Prêmio Pulitzer, a maior honraria do jornalismo americano e a mais importante de sua história.
Além de Watergate, o “Washington Post” ganhou outros 17 Pulitzer em sua história, embora tenha sido obrigado a devolver um deles.
Em 1981, o jornal publicou reportagem sobre uma criança de oito anos viciada em heroína. Os personagens da reportagem, escrita pela repórter Janet Cooke, eram falsos.
O caso, porém, não prejudicou a fama e a carreira de Bradlee, considerado o editor-executivo mais importante da história recente do jornalismo americano.
Nesta terça-feira (21) à noite, ao comentarem a morte, Woodward e Bernstein descreveram Bradlee como “um amigo verdadeiro e um gênio do jornalismo”.
“Ele mudou completamente nosso negócio e tinha um entendimento intuitivo da história da nossa profissão e do seu impacto informativo, mas foi original para traçar seu próprio caminho. Bradlee nunca será esquecido ou substituído nas nossas vidas”, disseram, em nota.
O presidente Barack Obama fez referência ao carisma e à coragem de Bradlee, a quem chamou de “um verdadeiro jornalista”.
“O padrão que ele colocou de uma reportagem honesta, objetiva e meticulosa incentivou muitos outros a entrar nessa profissão”, disse.
Amigo de Kennedy
Nascido em 1921 em Boston, Bradlee foi aluno da Universidade Harvard. Foi colega do presidente John F. Kennedy no Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva da Marinha e combateu na Segunda Guerra Mundial.
Na década de 1950, mudou-se para Paris, onde foi assistente de imprensa da embaixada americana e correspondente na Europa da “Newsweek”. Voltou para os EUA em 1958, quando virou editor-adjunto da revista.
Na época, morava perto de Kennedy, com quem tinha uma amizade limitada devido à influência da política, embora o tenha ajudado fazendo a cobertura de sua campanha presidencial.
Em 1965, Bradlee começou sua segunda passagem pelo “Washington Post”, onde havia estado em 1948. Depois de deixar seu posto como chefe, dedicou-se a dar aulas.
No ano passado, o presidente Barack Obama lhe concedeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil do país. Bradlee deixa a mulher, Sally, quatro filhos, dez netos e um bisneto.