Friday, 08 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Jill Abramson planeja abrir startup de jornalismo

Jill Abramson, a ex-editora-executiva do New York Times demitida em maio, pretende abrir uma startup de jornalismo. Ela tem dado aulas de jornalismo em Harvard e já vinha falando sobre a possibilidade de entrar em um novo projeto em parceria com o jornalista e empresário Steven Brill, criador da Court TV. Jill tocou no assunto pela primeira vez em um evento em Boston no fim de outubro, e voltou a dar detalhes durante uma palestra em uma conferência sobre mulheres no jornalismo, no início de novembro.

O plano é que escritores recebam um adiantamento de cem mil dólares para produzir histórias “mais longas do que artigos de revistas, porém mais curtas do que livros” – nas palavras da própria Jill – , as quais serão publicadas mensalmente. Os leitores terão acesso ao material através de assinaturas. Jill afirmou ainda que há cinco investidores “muito interessados” no projeto e que um deles não é ligado à indústria da comunicação.

Autenticidade

Após ocupar o cargo de editora do Times por muito tempo, Jill foi promovida a editora-executiva em 2011, sendo demitida menos de três anos depois. Na ocasião, especulou-se muito sobre os motivos da saída, e o publisher do Times, Arthur Sulzberger Jr, chegou a escrever uma nota alegando que sua decisão foi tomada por “questões de gerenciamento”. Meses depois do ocorrido, Jill afirma que sua demissão se deu por conta de divergências salariais e que se arrepende por não ter negociado melhor sua remuneração assim que assumiu o cargo de editora-executiva. Ela foi substituída por seu subordinado direto, Dean Baquet.

Durante o simpósio de mulheres no jornalismo, Jill também emitiu opiniões importantes sobre o futuro da profissão. Ela declarou que os declínios de receita publicitária dos jornais continuarão a ser “assustadoramente íngremes”. E também criticou a tendência que os veículos têm de concentrar a cobertura num só assunto (como foi o caso da epidemia do vírus ebola).

Jill ainda deixou um conselho a mulheres em posição de liderança, reiterando que autenticidade é muito importante, não apenas na vida pessoal, como na profissional. “Você poderia dizer que paguei um preço pela minha autenticidade [N.T: provavelmente se referindo à demissão do NYT]. Eu era a mesma pessoa que sou hoje. Tentei não ser muito contundente ou prejudicial para com as pessoas”.

Ao ser questionada sobre disparidades salariais entre homens e mulheres, ela sugeriu que os salários dos homens sejam baixados para que possa haver um acréscimo na remuneração das mulheres.