Sábado (19/7) participei pela primeira vez do NewsCamp, a convite da jornalista e blogueira Ceila Santos. Na edição passada, meses atrás, fui apenas para o botequim, encontrar-me com quem já conhecia.
O legal desse tipo de processo é que ele permite a pessoas que já se relacionam pelas veredas do ciberespaço o saudável cruzamento de olhares. Apertei a mão e dei beijinho no rosto de muita gente que leio e ouço e que me ajuda a entender melhor o que está ocorrendo com os jornalistas. Não podemos desprezar a importância disso.
Acho que o Paulo Fehlauer e o Francisco Madureira, dois dos caras que me fazem acreditar que a nossa geração pode construir um país muito melhor do que este que nos foi legado, acertaram em cheio em suas análises [ver remissões abaixo].
Sinto-me contemplado por aquilo que eles escreveram. Mas queria falar sobre a dificuldade que temos, todos, de canalizar a enxurrada, de colar fragmentos, de navegar na neblina, neste nosso tempo de revolução tecnológica.
A desconferência para a qual fomos convidados versou sobre o modelo de jornalista que o mundo atual exige. Baseei minha intervenção na assertiva de Eugênio Bucci de que o jornalismo é uma práxis ética. Nasce com a democracia e dela depende para se realizar. Isso não mudou. Mudou, no entanto, a forma de realizar o ofício. E a forma de aprender o ofício.
Democracia direta
Um dos primeiros aspectos que eu destacaria, portanto, é que o profissional de mídia precisa de formação permanente, continuada, o que não ocorre hoje em dia.
Outro aspecto que queria destacar, e que segunda-feira (21/7) foi comentado na entrevista do Caio Túlio Costa no Roda Viva, da TV Cultura, é a ligação do jornalismo, da prática de informar, com o direito que temos todos de nos comunicar, o que só ocorre dentro do império da liberdade.
O jornalismo só faz sentido se partir do público, para o público, pelo público. Agora, com as novas tecnologias, se for realizado COM o público (que deixa de ser público, para ser interator, produtor). É nisso que acredito. E acho que os jornalistas devem pensar assim.
A evolução tecnológica alterou a noção de propriedade dos meios (ampliando o acesso). Com isso, mais pessoas podem participar dos ritos de comunicação. Mais pessoas aprendem o ofício de produzir informação. Daí a necessidade de um debate sobre ética que não se restrinja ao papel do jornalista.
Precisamos de uma ética que esteja atrelada ao ofício de produzir informação, a ética interativa, talvez.
No mais, queria dizer que, num cenário como esse, de evolução para a democracia direta, o jornalismo só fará sentido enquanto desempenhar um papel central para a construção da nossa sociedade. Se for apenas um local de envenenamento da luta política (Humberto Eco), será combatido pela sociedade, que passou a ter meios para enfrentar também esse poder.
Leia também
Desafios do jornalismo e da colaboração – Francisco Madureira
Mergulho em piscina rasa – Paulo Fehlauer
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Jornalista