As redações de jornais regionais no Reino Unido estão agitadas com a saída recente de mais de meia dúzia de editores, a ponto de causar manifesta preocupação do editor do maior diário de circulação nacional, Keith Harrison, do “Express & Star”, da cidade de Wolverhampton.
Ele postou dois tweets no início deste mês de novembro. O primeiro se refere a três editores que estão de saída de seus jornais. O segundo afirma: “Indústria de jornais regionais não pode se dar ao luxo de continuar perdendo editores experientes como estes e esperar que a qualidade seja mantida.”
Isso levanta especulações de que a “indústria jornalística” (como negócio) – distintamente de editores e jornalistas – não está dando a mínima importância para a qualidade editorial.
Reportagem no HoldTheFrontPage relata que sete editores de diários regionais já deixaram seus cargos desde maio – John Szymanski (“Sunderland Echo”), Michael Beard (“Brighton Argus”), Colin Channon (“Echo” in Essex e “Colchester Gazette”), Richard Bowyer (“Stoke Sentinela”), Alun Thorne (“Coventry Telegraph”), Richard Bettsworth (“Leicester Mercury”) e Tim Gordon (“South Wales Echo”).
As quatro principais editoras de jornais regionais – Johnston Press, Local World, Trinity Mirror e Newsquest/Gannett – figuram nessa lista. No caso de John Szymanski, justiça seja feita, a demissão ainda pode ser revertida. Mas as declarações de Harrison são consistentes. Ele parece pensar que não é apenas uma coincidência infeliz o fato de muitos editores deixarem o cargo em um espaço relativamente curto de tempo.
Tendo em conta que existem cerca de 85 regionais diários na Inglaterra, País de Gales e na Escócia, é justo sugerir que a saída de editores representaria um movimento normal de troca de comando, ou seja, um turnover de rotina.
Mas eu suspeito que os temores de Harrison estejam corretos. Há, hoje em dia, cada vez menos satisfação em ser editor de um jornal regional. Um editor descontente me disse antes de sua partida: “Eu não sou nada mais do que um subchefe”. Ele não queria, naturalmente, ser grosseiro com os subchefes. Apenas colocou seu ponto de vista de que ficou no passado uma das funções do editor, a de gastar tempo em contatos fora da redação, encontrando pessoas.
Infelizmente, o título de editor tornou-se cada vez mais sem sentido na imprensa local e regional. A “indústria” parece estar gostando desse movimento. Os jornalistas não. É uma situação que corrói ainda mais as chances de coleta de notícias. Não é hora de a Sociedade de Editores, comandada por Bob Satchwell,falar sobre esse assunto e fazer campanha em nome de seus membros? Eu sei que não é um sindicato, mas certamente deve estar preocupada com a situação atual.
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Roy Greenslade, do Guardian