Em 1980, eu, como presidente e Euclides Bandeira como vice do sindicato dos jornalistas, fizemos visita de cortesia a Romulo Maiorana, no gabinete dele em O Liberal. Estávamos encerrando nosso mandato e o clima era bem amigável […]. Chegou a ficar pesado quando iniciamos o primeiro dissídio coletivo da história do órgão de classe dos jornalistas, em plena ditadura, na busca de conquistas como o salário profissional, reajuste acima da inflação, benefícios sociais e – a azeitona da empada – delegado sindical, dentre outras reivindicações.
Ganhamos tudo no tribunal local, o TRT, nessa época integrado por juízes memoráveis, como Roberto Santos e Orlando Costa, graças a um memorial que preparamos. Através da análise minuciosa dos dados dos balanços das empresas, demonstramos que elas tinham condição econômico-financeira para nos atender sem qualquer abalo. Mas perdemos tudo no TST, minado por intensa pressão de bastidores. Nessa época o sindicato dos metalúrgicos do ABC, presidido por Lula, tentara – sem conseguir – cláusulas semelhantes às nossas. A vitória de um sindicato do sempre esquecido Pará seria precedente perigoso.
Romulo publicou a foto com destaque na terceira página do jornal e disse na legenda que Euclides e eu conduzimos o sindicato por dois anos “com muita dignidade, juntamente com seus companheiros de diretoria. E se referiu a si apenas como “diretor superintendente”, sem as firulas atuais do sucessor. Em mais este aspecto seu legado não foi seguido.
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Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)