Filmagens mostrando ataques insurgentes contra tropas americanas no Iraque, há muito tempo disponíveis em lojas de vídeo de Bagdá e em obscuros sítios jihadistas, chegaram agora à rede de fato e podem ser acessadas de sítios populares de compartilhamento de vídeos como You Tube e Google Video.
Muitos destes arquivos, mostrando ataques de atiradores contra americanos e explosões de veículos do Exército dos EUA, vêm sendo postados não por insurgentes ou por quem os apóia, mas aparentemente por internautas no exterior.
Com o governo Bush proibindo a divulgação de fotografias de caixões de militares mortos no Iraque e com o rígido controle do Pentágono sobre vídeos de operações de combate militar na mídia, a internet e a popularização de sítios de compartilhamento permitem que os cidadãos americanos tenham acesso ao que está acontecendo no Iraque. Um usuário do You Tube que postou um vídeo de um ataque revelou que o fez porque sentiu que era uma informação não disponível ao público. “O vídeo me impactou, mas eu sou totalmente contra qualquer forma de censura”, disse o internauta, que não quis se identificar.
Críticas
Nas últimas semanas, o You Tube retirou do ar dezenas de vídeos e suspendeu as contas de alguns usuários que os haviam postado, devido às reclamações de outros internautas. Mesmo assim, muitas filmagens ainda estão disponíveis, grande parte delas em árabe, o que torna difícil para americanos as localizarem. “É uma pena que não há como parar este movimento, embora seja por isso que eles [os americanos] estejam lutando: liberdade de expressão”, observa Russell K. Terry, veterano da Guerra do Vietnã que fundou a Organização dos Veteranos da Guerra do Iraque.
Meio de divulgação
Soldados, insurgentes e grupos terroristas como a al-Qaeda também usam a rede como ferramenta de comunicação. O major Matt McLaughlin, porta-voz do Comando Central dos EUA, que inspeciona as tropas no Iraque, afirmou que o Exército está ciente do uso de sítios por insurgentes e soldados. “Estamos a par que estamos enfrentando um inimigo adaptável que usa a internet como força multiplicadora”, disse.
Para Geoffrey D. W. Wawro, diretor do Centro de Estudos de História Militar da Universidade do Norte do Texas, a erosão da estrutura do comando terrorista e dos grupos insurgentes levaram ao aumento da dependência na internet e nos vídeos para ganhar recrutas. Já as tropas americanas sempre enviaram fotos do campo de batalha para familiares e amigos, sendo fotos e vídeos digitais apenas uma nova forma e fazê-lo. Informações de Edward Wyatt [The New York Times, 6/10/06].