Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O futuro a nós pertence

Ninguém discute que a mídia está mudando. Jornal, revista, rádio e TV vivem transformações radicais, abruptas, disruptivas, desafiadoras –escolha o termo. Na era do “eu, mídia” não há mais zona de conforto para a mídia. Mesmo as novas plataformas são premidas a evoluir constantemente antes que a próxima grande coisa as ameace.

No meio de tantas possibilidades, melhor desconfiar das certezas. Inclusive da mais propagada, a de que as mídias tradicionais serão logo ultrapassadas e encolherão. Essa suposição pode ser refutada pelos fatos –nunca os conteúdos produzidos por essas mídias foram tão consumidos e acessíveis– e pela falsa premissa de que elas não evoluirão para aproveitar as novidades –elas já estão evoluindo.

A Folha, por exemplo, pioneira na cobrança de conteúdo na web, atingiu recorde de 33,5 milhões de visitantes mensais únicos em outubro deste ano. Os jornais do Grupo RBS, assim como outros títulos pelo país, também batem recordes de audiência por causa das novas ferramentas digitais.

No Reino Unido, um dos mercados mais competitivos do mundo, com imensa penetração digital, os jornais “The Times” e “Sunday Times” tiveram o primeiro lucro desde 2001 graças à cobrança de conteúdo na web.

Mas não se deve minimizar os desafios. A disputa é cada vez maior pela atenção do público e pelas verbas publicitárias. Essa nova audiência digital ainda não gerou um modelo de negócios tão rentável quanto o atual, capaz de sustentar a produção de conteúdo de alta qualidade, mas é importante lembrar que essa questão não é só das mídias. A Amazon, gigante do comércio on-line, por exemplo, registra prejuízos recorrentes e volumosos.

Debate rico

Nessa era de transformações não há área imune a revoluções. Da indústria de alimentos à de transportes, da medicina à TV, tudo está mudando de forma avassaladora com tecnologias cada vez mais potentes, acessíveis e inovadoras.

Isso, no entanto, não quer dizer que os grandes atores dessas áreas serão ultrapassados. Pelo contrário. Se estiverem abertos a inovações e usarem todos os seus talentos e conhecimento, terão condições de liderar as mudanças.

Na RBS, também estamos inquietos e explorando novas oportunidades. Depois de investigação global, que levou um ano para ser concluída e na qual foram entrevistadas mais de 150 personalidades, como Shane Smith, do site “Vice News”, Vint Cerf, um dos “pais” da internet, e Ethan Zuckerman, do centro de mídia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA), construímos premissas para nos guiar rumo à comunicação total.

Elas são baseadas em princípios e demandas do nosso tempo, como autenticidade, credibilidade, transparência, legitimidade, curadoria, relevância, interação, abertura, disponibilidade, compromisso, propósito, intuição e conveniência.

Nossas primeiras conclusões ajudam a definir conceitos-chave, como a necessidade de coragem e energia para mudar, criar novos modelos e estabelecer relação mais próxima do público. E ajudam também a definir o que não deve mudar, como a integridade, a relevância e a qualidade do conteúdo.

Na nossa visão, não há futuro sem jornalismo e não há jornalismo sem jornalistas, fundamentais na era da informação.

É um debate rico, e nossa investigação, permanente, será compartilhada com todos a partir desta terça-feira (16) na web pelo site www.thecommunicationrevolution.com.br e em evento em Porto Alegre para construirmos –e desconstruirmos– juntos a nova comunicação.

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Eduardo Sirotsky Melzer, 42, é presidente do Grupo RBS