No programa de domingo (14/12), o Fantástico exibiu mais um episódio da série “A Marcha da Vida”, agora abordando a origem do homem brasileiro e, em consequência, do homem americano. O programa mostrou os primeiros fósseis humanos brasileiros, principalmente os restos mortais de Luzia – identificada ali como “a primeira brasileira” – ossada achada na Lagoa Santa, em Minas Gerais. Sobre eles, o cientista brasileiro Walter Neves se debruçou e descobriu coisas importantes, como a aparência física de Luzia, a datação de 12 mil anos e, pelas medidas cranianas, presumiu que seus antecedentes diretos teriam que vir da África viajando pelo Oceano Atlântico.
Aparentemente, uma incongruência: ele mostrou que os primeiros habitantes da América não são mongólicos… Mas nossos índios são! Para explicar isto, o doutor Neves atribuiu duas migrações: uma africana, através do Atlântico, e outra posterior – esta mongólica – pelo Estreito de Bering. Apesar da grandeza de nosso principal paleontólogo, diga-se que é uma teoria, ainda dependendo de comprovação com novos achados.
Digo isso porque no meu livro de 2009, Brasil Chinês, contesto a teoria da passagem pela ponte seca do Estreito de Bering porque foi numa época de final de glaciação onde o norte da América estava intransitável pelo derretimento do gelo, com enormes massas de água e gelo fundente sobre a superfície. Isto é confirmado pelos cientistas. No meu livro discuto outra ideia: de que não sabemos a origem dos paleoíndios americanos, mas, sim, que houve uma grande intervenção sobre os aborígenes americanos por uma grandiosa expedição naval que saiu do leste da China – da foz do rio Yangtse – e chegou a Meso América no século V d.C., viajando pelo Pacífico. Como foi isto?
Ideograma num deserto americano
No século V a China estava dividida ao meio (dinastia Norte-Sul) e, para sua defesa, os governantes do sul desenvolveram uma frota naval de grandes proporções, com milhares de tripulantes, que depois fez com que se lançassem em grandes expedições pelo Pacífico. Foi assim que chegaram à Meso América. Quem contou parte desta história foi um monge budista Hui Shen que bem depois viajou para a América (Fu Sang) e conseguiu voltar para a China.
Foi dessa maneira que o gene chinês entrou na América e se expandiu sobre os índios pré-colombianos para o norte e para o sul de uma maneira arrasadora. Com eles também vieram crenças (taoísmo, principalmente) e costumes chineses que abordo no meu livro.
O principal disso tudo é que existe pelo menos uma prova comprobatória desta afirmação: os índios que viviam ao longo do Rio Colorado escreveram em cima de uma montanha no deserto de Blytle, na América do Norte, o ideograma chinês shan, que quer dizer montanha (e que tanto índios americanos como os chineses reverenciavam) com um estilo que existiu no século V (kaishu) e assim pode-se confirmar e datar que o mongolismo se disseminou sobre os índios americanos, neste tempo, por todos os rincões.
No estilo kaishu, o ideograma shan (motanha) tem a forma de tridente. Este geoglifo só pode ser visto com as novas técnicas de fotografia por satélites.
Referências
Brasil Chinês – Editora Lewi, 2009
O Povo de Luzia, de Walter Neves – ed. Globo, 2008
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Luiz Ernesto Wanke é professor aposentado