[do release da editora]
Um assunto no calor da hora: violência. Em todo o país o crime está agindo de forma mais ampla. Ganha força e espaço. Poder, organização, interfaces e integração. ‘A mãe-prisão gerou o PCC, com todos os vícios, regras particulares de comportamento, senso ético à margem da lei, alvos a serem atingidos a qualquer preço, a banalização da vida’, escreve Percival de Souza nessas páginas que documentam, provam, entrevistam, denunciam, exibem, revelam e trazem à tona o que muitos pretendiam que ficasse encoberto.
Aqui o autor, um ícone do jornalismo investigativo e policial, faz um raio X completo do PCC e outras organizações criminosas. Especialista em segurança pública e criminalidade, Percival de Souza mostra as origens dessas organizações, suas motivações, comandos e seus militantes. Trata-se de um mundo corporativo que funciona como uma empresa moderna. Há desde organogramas e planejamentos estratégicos – ao marketing, a logística e o objetivo da eficiência para gerar o terror.
O Sindicato do Crime – O PCC e outros grupos é ilustrado com fotos e fac-símiles de documentos recentes e inéditos. Estarrecedores, como as revelações em papel timbrado que comprovam a conexão do crime organizado instalado no Mato Grosso do Sul, que criou raízes locais vinculadas a São Paulo. Ou a folha de caderno com o manuscrito da promoção de uma rifa que circulou entre presídios, em junho deste ano. Da região de fronteira às cidades de vários estados, a comunicação passa livremente por diversos tipos de casas de detenção. O crime alimenta ódios, possui nomes, rostos e personagens envolvidos em histórias reais e tramas tão bem elaboradas que parecem ficção. Mas não é.
O sindicato do crime uma minuciosa investigação para se descobrir o que na prática quer dizer crime organizado, o que está por trás do PCC, seus segredos e estratégias. O estilo claro e enxuto de Percival de Souza mostra os fatos, apresenta a versão dos criminosos, da polícia e da justiça. Mas a sociedade não deve escapar da mea culpa. Para evitar que o crime aconteça e prolifere, ela tem de colaborar e fazer a sua parte. ‘A sociedade quer paz, mas paz não é apenas vestir-se de branco e fazer caminhadas de curta duração, estilo self promotion‘, alerta o autor.
Com mais de quarenta anos dedicados ao jornalismo, Percival de Souza ganhou quatro prêmios Esso, o principal do jornalismo brasileiro. Trabalhou para as revistas Veja, IstoÉ, Época e foi um dos fundadores do Jornal da Tarde, onde criou um novo estilo de jornalismo criminal. Nesse período, denunciou solitariamente as atividades do Esquadrão da Morte – o que lhe rendeu perseguições por parte da ditadura, que o enquadrou na Lei de Segurança Nacional. É autor de 15 livros, entre eles Narcoditadura (Labortexto, 2002). Menção honrosa no XXV Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, este livro reconstitui a morte do jornalista e seu amigo Tim Lopes, assassinado por traficantes no Rio de Janeiro.