A cada dois meses em 2014, publiquei a quantidade de Erramos veiculados no jornal e abri a discussão sobre os erros que cometemos. Eles são vários e de diferentes origens. Os de português chamam a atenção e são facilmente reconhecidos pelo leitor. Problemas com ortografia, concordância verbal, regência verbal, má construção de períodos, acentuação e uso indevido do acento indicativo de crase são alguns deles. Algumas retificações referentes a esses itens foram contempladas nos Erramos.
Mas não só. Há erros da esfera do jornalismo, como a publicação de uma informação incorreta. Isso pode se dar por motivos inúmeros. Algum dado pode ter sido repassado incorretamente aos repórteres pelas fontes ou pode ter havido falha no processo de apuração e checagem. Ou mesmo erros de digitação fazem com que os números sejam publicados equivocadamente.
As imagens também não escapam às incorreções. Falhamos quando publicamos uma foto errada de algo ou alguém e confundimos as pessoas e os lugares. Falhamos quando publicamos o crédito incorreto do fotógrafo. No processo que exige rapidez, agilidade e eficiência, em meio à correria do fechamento da edição, o erro passa, por mais que não devesse.
O erro é do jornal
Quando o jornal erra, quem erra é o jornal. Não apenas o repórter, não apenas o editor. Essa discussão é sempre válida e cabe nos relembrarmos disso a cada falha apontada. Quando o erro ocorre na base, na etapa de reportagem, pode ser corrigido pelo editor. Mas a pressa na edição é um problema. Com tantas páginas para serem lidas e revisadas, muitas vezes, o editor não tem tempo de analisar tudo cuidadosamente e o erro permanece. Em outras vezes, o erro ocorre no processo de edição. Seja na escritura de um título mal feito, seja na tentativa de melhorar o texto do repórter.
Isso, no entanto, é uma discussão que deve ser feita internamente. Cabe à equipe descobrir qual é a origem do erro e evitar que ele ocorra novamente – pelo menos daquela maneira. Mas, com o jornal sendo feito a tantas mãos e com a constante entrada e saída dos profissionais da Redação, é difícil manter uma constância.
Para o leitor, o erro é do jornal. Ele não quer saber se a informação errada foi enviada pela fonte ou se o repórter falhou na apuração. O jornal errou. E cada vez que isso acontece, há uma mancha na credibilidade que não sai tão fácil assim. A publicação de uma retificação logo depois pode não chegar (e certamente não chega) a todo o público do erro inicial. Mas é uma forma de demonstrar respeito com o leitor e com o jornalismo.
Novembro e dezembro
Em novembro e dezembro de 2014, a quantidade de Erramos publicados no jornal foi a seguinte:
Este é o último balanço dos Erramos que faço como ombudsman. Mais do que apontar os erros do jornal ou expor as falhas das editorias, a ideia é listar onde e como estamos errando, a fim de que aperfeiçoemos nosso processo e nossos produtos. Que as discussões feitas na coluna e no debate cotidiano interno tenham sido úteis e sirvam de base para melhorias no jornal que produzimos.
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Daniela Nogueira é ombudsman do jornalO Povo