Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

‘Charlie Hebdo’ vai imprimir 3 milhões de exemplares

Os funcionários do semanário satírico Charlie Hebdo que sobreviveram ao atentado que matou 12 pessoas em Paris em 7/1 prometeram manter a publicação desta semana mesmo após a tragédia. O desejo é que a tiragem chegue a 3 milhões de cópias (a circulação média do jornal atualmente é de 45 mil exemplares). A edição especial deverá conter oito páginas, em vez das usuais 16.

Patrick Pelloux, cronista do Hebdo, confirmou durante uma entrevista concedida à rádio FranceInter que a publicação vai continuar seu trabalho. Ele disse que o objetivo da equipe é garantir uma revista ainda melhor ao público. “Estamos todos sofrendo, enlutados, com medo”, disse Pelloux, “mas vamos fazê-la de qualquer maneira porque a estupidez não vai vencer”.

Apoio mundial

O jornal francês Libération cedeu seus escritórios para que equipe remanescente continue trabalhando. A Presstalis, empresa responsável pela distribuição dos exemplares da Hebdo, também confirmou seu apoio.

Nas primeiras 24 horas apos o massacre que vitimou oito jornalistas, o Fundo para Inovação Digital do Google doou uma quantia de 250 mil euros para o jornal. Ludovic Blecher, diretor do Fundo, declarou que a doação é em prol da liberdade de imprensa, a fim de “manter a diversidade de discurso, ainda que possa não haver concordância com seu conteúdo”.

Outros conglomerados da imprensa francesa, como o jornal Le Monde, a France Télévisions e a Radio France, declararam a intenção de doar quantia similar à do Google para salvar o Hebdo. As três empresas também convidaram todos os meios de comunicação franceses a se juntar a elas no que foi chamado de “esforço para preservar os princípios da independência, da liberdade de pensamento e da liberdade de expressão”

Além da doação financeira, a equipe do Hebdo também está recebendo apoio profissional e emocional de veículos e colegas. O evento causou comoção principalmente entre cartunistas, pois três dos mortos – dentre eles o célebre Georges Wolinski ­– eram profissionais da área.

Martin Rowson, cartunista do Guardian e presidente da Associação dos Cartunistas Britânicos, pediu a seus colegas cartunistas que doassem um desenho de temática livre para ajudar a garantir que a publicação continue existindo.

Alguns grupos também estão foram formados no Facebook para homenagear a revista e muitas pessoas estão prometendo comprar uma grande quantidade de exemplares da primeira edição pós-atentado.

Fundação

A Charlie Hebdo foi criada em 1969 sob o título Hara-Kiri Hebdo – o semanário original foi proibido após zombar da morte do ex-presidente francês Charles de Gaulle. Logo depois disso, a equipe juntou capital do próprio bolso e fundou a versão vigente até hoje.