Após protestos na redação, o Daily Star desistiu, na terça-feira (17/10) à noite, de publicar na edição de quarta-feira (18/10) uma página no jornal que satirizava a lei muçulmana, com o título Daily Fatwa (‘fatwa’ é uma determinação a ser seguida na religião Islâmica).
A brincadeira – que seria impressa na página 6 – também incluía uma chamada para uma matéria de ‘moda’ que mostrava uma mulher com o ‘nigab’ (véu que cobre todo o rosto) e um artigo com o título ‘Como seu jornal favorito seria sob a lei muçulmana’. Também seria publicado um editorial em branco, com um selo escrito ‘censurado’. Um concurso pedia aos leitores para ‘queimarem uma bandeira para ganhar um carro’. A foto do presidente americano George W. Bush apresentava a legenda ‘morte aos infiéis’.
O National Union of Journalists (NUJ), sindicato que representa os profissionais da empresa, condenou a sátira e realizou um encontro de emergência antes da edição ser impressa. ‘O sindicato expressa sua preocupação em relação ao conteúdo da página 6 da edição do Daily Star, a qual consideramos deliberadamente ofensiva aos muçulmanos’, declarou. ‘O sindicato teme que o conteúdo possa gerar represálias violentas de fanáticos religiosos que venham a se sentir ofendidos com os artigos, e pede que a administração remova o conteúdo imediatamente’.
O subeditor Ben Knowles substituiu a página com uma matéria sobre as sete maravilhas do mundo moderno. Em fevereiro deste ano, a divulgação das charges do profeta Maomé, primeiramente publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten e depois por outros jornais europeus, geraram protestos de muçulmanos com proporções violentas. Informações de Stephen Brook [The Guardian, 18/10/06] e Ian Burrell [The Independent, 19/10/06].