Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Slim pode se tornar o maior acionista do ‘NYT’

O bilionário Carlos Slim está prestes a se tornar o maior acionista individual do New York Times depois de já ter quase duplicado o dinheiro investido quando ajudou o jornal a atravessar a crise financeira.

Mesmo com a participação maior, uma aquisição não desejada seria difícil porque os proprietários controladores – a família Ochs-Sulzberger – possuem ações com direito a voto que lhes dão uma posição firme nos assentos no conselho. A participação de Slim lhe permite votar apenas para diretores de Classe A, grupo que representa no máximo um terço dos membros do conselho da empresa. As ações Classe B da família, que não são negociadas em Bolsa, elegem os dois terços restantes do conselho.

Slim, que acumulou uma fortuna de US$ 73 bilhões, emprestou US$ 250 milhões ao Times em janeiro de 2009. Depois de já ter sido mais do que reembolsada, a segunda pessoa mais rica do mundo está agora em vias de aumentar sua participação acionária, se exercer suas opções até esta quinta-feira, dia 15. Slim possuiria, então, quase 17% das ações Classe A da Times Co., avaliada em cerca de US$ 349 milhões.

O retorno financeiro de Slim mostra o tamanho do sacrifício feito pela Times Co. para conseguir sua ajuda há seis anos, mas também ilustra sua confiança no futuro do célebre jornal – mesmo quando leitores e comerciantes estavam indo para a internet, onde a maioria dos conteúdos era grátis e os preços para publicar anúncios eram mais baratos. E ele não estava sozinho em sua fé na mídia: o bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon, comprou o Washington Post em 2013 e o bilionário Warren Buffett investiu em vários jornais locais.

Se Slim decidir aumentar sua participação, seria “um voto de confiança no Times”, disse Ken Doctor, analista independente de mídia para a Newsonomics: “São principalmente as pessoas mais ricas que têm a capacidade de assumir o que ainda é uma operação arriscada em relação ao futuro dos negócios da indústria de notícias.”

Empréstimos em 2009

Quando Slim, de 74 anos, decidiu emprestar dinheiro ao Times em 2009, a empresa tinha acabado de cancelar seu dividendo para preservar o caixa, e uma linha de crédito estava quase expirando. O investimento de Slim deu tempo suficiente à empresa para achar compradores para ativos como o Boston Globe. Daí em diante, a Times Co. limpou seu balanço, tornou seu site pago e lançou novos produtos digitais.

Slim planejava exercer as garantias e conservar a participação acionária expandida em vez de vender as ações para obter uma rentabilidade imediata, disse uma fonte do setor no ano passado.