Cartunistas políticos de diversos países e regiões, entre elas África, Europa e Oriente Médio, debateram o poder das charges e as pressões enfrentadas por eles em um encontro realizado esta semana na ONU, noticia Paul Burkhardt [Associated Press, 16/10/06]. O ponto alto foi a discussão sobre os protestos, no início deste ano, gerados pela publicação dos cartuns de Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-Posten em setembro de 2005 e reproduzidos pela mídia ocidental quatro meses depois.
Os participantes do encontro trataram da linha tênue entre liberdade de expressão e respeito às crenças religiosas. Na abertura do evento, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que os cartunistas ‘podem nos encorajar a olhar criticamente a nós mesmos, e aumentar nossa empatia pelos sofrimentos e frustrações de outros. Mas também podem fazer o oposto. Eles têm uma grande responsabilidade’.
Muitos dos cartunistas alegaram que seu trabalho não deve ser criado primordialmente para incentivar tensões que possam vir a provocar manifestações de violência, enquanto outros reconheceram que não podem sempre determinar quando ultrapassam esta linha tênue. Mas todos concordaram que é necessário prestar atenção ao atual clima político. ‘Temos a tarefa de ser mais sensíveis’, observou Jean Plantu, cartunista do jornal Le Monde e principal organizador do evento. ‘É um novo desafio para nós’.