Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A dupla desafinada do Congresso

Com os devidos pedidos de desculpas ao bom e velho ‘novo baiano’ Moraes Moreira, fantástico músico brasileiro, no Congresso temos uma versão, digamos, desafinada de seu nome. Duplamente desafinada, diga-se de passagem: são os parceiros (ou seriam comparsas?) Moraes e Moreira, que se apresentam esporadicamente (e decadentemente) no anfiteatro maior, mais conhecido como Câmara Federal.

O primeiro atende pelo nome Sérgio e não se lixa nem para a própria cara-de-pau, agradecendo agora à imprensa pela farta exposição que teve graças a sua irrefreável verborragia (de fazer inveja até ao Lula no quesito impropriedade de opinião).

O segundo atende pelo nome Edmar, ou pela alcunha ‘deputado castelão’. Assim como o anterior e tantos outros, também se lixa para opinião pública, até porque sua especialidade é o privado. Ou o público imoralmente servindo ao privado, ou tudo junto e misturado etc, etc. No caso dele, quanto mais truncada essa mistura, melhor e mais segura, já que segurança é o seu forte. Seu forte, não. Seu castelo.

Os dois se afinam, pois se equivalem e se merecem. E, mesmo assim, seguem desafinando juntos: na mesma ocasião, um era o riso de deboche, o outro o choro do cinismo.

Acima de tudo, é preciso ter estômago!

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Na imprensa brasileira, a cobertura sobre notícias envolvendo o Judiciário ainda é muito precária. Veja o exemplo da polêmica envolvendo os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. Muito se falou sobre os termos e posturas utilizados pelos ministros. Mas muito pouco se comentou sobre a questão de fundo: os dois casos que estavam sendo debatidos por aquela Corte e quais suas implicações.

A Folha de S.Paulo chegou a explicar os casos, contudo não os discutiu, muito menos trouxe as implicações. Os telejornais, de maneira geral, omitiram-se. O do SBT, inclusive, chegou a dizer que se tratava de ‘uma questão qualquer’. De ‘questão qualquer’ em ‘questão qualquer’, importantes temas que deveriam ser de conhecimento da opinião pública passam batido.

Não precisaria necessariamente ter jornalistas com conhecimento jurídico em todas as redações. Mas pelo menos jornalistas perspicazes o suficiente para saber quem chamar para opinar e debater sobre determinados temas. Não basta noticiar. É preciso explicar o contexto, o conteúdo e quais as consequências das questões jurídicas de relevante interesse para a opinião pública. Em sendo assim, o mais importante não é investigar sobre os ‘capangas’ do ministro Gilmar, mas quais são os interesses escusos de Sua Excelência no que diz respeito aos cartórios privados e ao foro privilegiado de autoridades públicas. Tema muito bom para debater no OI. (Delmir de Andrade, advogado, Natal, RN)

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Caros colegas, respeitado Dines: tenho pensado sobre as normas que tínhamos quando fazíamos jornal e TV e me pergunto se não vale a pena uma campanha, dirigida pelo Observatório, para eliminarmos o noticiário sobre violência. Acho que, ao ver os detalhes que o noticiário transmite, há uma progressão geométrica no pensamento negativo dos que estão envoltos em problemas e têm, até, desvios sérios de conduta. Para isto, numa ação séria e responsável,vale a pena consultar psicanalistas e outros especialista para confirmarem minha tese de que este tipo de informação cria uma ação dominó. (Ione Garcez Vieira, jornalista, Porto Alegre, RS)

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Terça-feira, 19 de maio, 13h, horário de almoço de famílias e crianças. Programa Balanço Geral, na TV Record, com o deputado estadual e apresentador Wagner Montes. Um homem preso, com sinais visíveis de espancamento, tem o rosto muito machucado exibido demoradamente e em close na tela da TV. ‘Ele escorregou e caiu no ônibus (que ele tentava assaltar)’, segundo o apresentador.

Há algumas semanas, o mesmo Wagner Montes apresentou em seu programa técnicas para destravar armas. Foi o suficiente para ensinar também o funcionamento de armas restritas, como fuzis.

Domingo passado, Montes ganhou ares de galã midiático nacional ao ser contemplado com a capa de O Dia, com generosa foto e reportagem interna extremamente favorável. Nenhum questionamento a questões jornalisticamente evidentes como o caráter polêmico de um programa onde o apresentador faz apologia ao extermínio (embora de forma mais moderada hoje, sem o seu discurso anterior a favor da pena de morte), endeusa policiais e seus métodos e ridiculariza criminosos (e ‘suspeitos’). (Ricardo Miranda, jornalista e professor de jornalismo)

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Distraidamente, enquanto conversava com meu filho no trânsito, ouvi a rádio CBN SP (segunda-feira, 25/5), das 8h às 10h. E fui premiado com duas pérolas. Uma, foi a repórter dizer que ‘os ônibus já podem saírem’ (estava impedidos por algum motivo), e a segunda, meia horinha depois, foi outro repórter afirmar que um grupo estava ‘protestando contra a falta’ de alguma coisa. Doeu meu ouvido. Se fosse uma rádio pequena de algum estado carente poderia aceitar que um veículo de comunicação, que tem a língua portuguesa como instrumento de trabalho, maltratasse o idioma desta forma. Em se tratando talvez da maior rádio do país, dá para se considerar uma calamidade pública. (Danilo Pretti Di Giorgi, jornalista, São Paulo, SP)

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Jornalista, Belo Horizonte / MG