Cumprindo determinação da presidente Dilma Rousseff, os ministros buscaram ontem a internet e as redes sociais para deflagrar a “batalha da comunicação”, como ela disse no discurso de abertura da reunião ministerial. O ministro da SecretariaGeral da Presidência, Miguel Rossetto, deu entrevista a um grupo de blogueiros para defender as medidas que restringem direitos trabalhistas. O mesmo tema levou o ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao Twitter. E o ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse ao canal do PT no YouTube que o orçamento de sua pasta terá de se adaptar ao ajuste fiscal e defendeu a renovação do partido.
Ao discursar para sua equipe na quartafeira, Dilma exortou os ministros a enfrentarem a desinformação e reagirem aos boatos. “Sejam claros, sejam precisos, se façam entender”, ordenou. Alvo de críticas de que teria descumprido promessas eleitorais, como preservar direitos trabalhistas, ela orientou, inclusive, como os ministros devem responder aos ataques: “Não é verdade! Os direitos trabalhistas são intocáveis e não será o nosso governo (…) que irá revogálos.”
Na entrevista aos blogueiros, Miguel Rossetto foi tão preciso que usou as mesmas palavras da presidente para defender o governo: “Os direitos sociais são intocáveis, o que estamos fazendo é corrigir distorções”, explicou, ao falar do pacote da equipe econômica, que restringiu o acesso aos benefícios trabalhistas e previdenciários, como segurodesemprego.
“Não há alteração de rota, há um compromisso sólido de todo governo com crescimento com inclusão social”, reforçou. Rossetto admitiu, contudo, que as novas regras podem ser revistas. “Estamos convencidos da qualidade e das necessidades das medidas, mas é evidente que elas podem ser qualificadas, podem ser ajustadas.” Ele integra a comissão de ministros que dialoga com as centrais sindicais, que se opõem às mudanças.
Compromisso assumido
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, foi ao Twitter defender as medidas. “Não vai ser agora que vamos revogar os direitos daqueles que defendemos, como disse a presidente Dilma”, escreveu no microblog, onde tem 21 mil seguidores. “Muito pelo contrário: vamos seguir ampliando os esforços para gerar mais emprego e renda.”
Já o ministro da Cultura, Juca Ferreira, inaugurou a rodada de entrevistas que ministros filiados ao partido concederão ao canal de TV do Partido dos Trabalhadores no YouTube. Depois dele, será a vez dos ministros da Saúde, Arthur Chioro, e das Comunicações, Ricardo Berzoini. As entrevistas também são transmitidas, em tempo real, pelos portais IG e R7, da Rede Record.
Questionado sobre os cortes impostos pelo novo governo Dilma e seu impacto no orçamento da Cultura, Ferreira defendeu o esforço fiscal. “Os cortes são um ajuste necessário, o governo determinou necessidade realinhar as contas públicas com o momento”, disse. “É preciso levar a realidade em consideração para não gerar desastre e ameaçar as conquistas sociais”, completou. Mas ele sublinhou que outros colegas podem cortar mais que ele. “Outras áreas têm gordurinhas pra perder, no caso [do orçamento] da Cultura, tem de ter sensibilidade e carinho”, pediu.
Sobre o PT, Ferreira afirmou que o partido errou. “Doze anos de governo sem erro é impossível, mas a gente abusou um pouco”, disse. “O PT tem de se renovar, o PT tem que ser mais rigoroso no combate à corrupção, principalmente entre seus quadros, tem de aprimorar essa relação com o Estado, na elevação da eficiência e da eficácia [do Estado]”, acrescentou.
Rossetto disse aos blogueiros que o governo está comprometido em ampliar os canais de comunicação. “É assim que um governo como nosso se comporta. Cada vez mais usar seus instrumentos de comunicação para favorecer esse diálogo aberto [com a sociedade]”, afirmou.
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Andrea Jubé, do Valor Econômico