Uma boa novidade na primeira reunião ministerial deste segundo mandato foi a presidenta Dilma Rousseff ter feito referência ao que chamou de “batalha da comunicação”. Como dizia o velho guerreiro Abelardo Barbosa, o grande Chacrinha, “quem não se comunica, se trumbica”. Governos que não desejam trumbicar-se precisam obrigatoriamente se comunicar.
É aceitável que os governantes enxerguem o tema da comunicação como uma batalha, sujeitos que estão às pressões e às críticas permanentes de adversários e da imprensa. Algo natural em democracias como a nossa. Especialmente quando os governantes estão convencidos de fazerem o melhor para o país.
Acontece que os críticos, cada um movido pelos próprios motivos, também acreditam piamente que suas críticas visam a defender o interesse nacional. É um conflito entre duas liberdades: a liberdade de criticar e a liberdade de se defender das críticas. São os dois lados da mesma moeda.
A construção da democracia brasileira tem sido um aprendizado de longo curso. E os exemplos pelo mundo sugerem que devemos perseverar. Países que preferiram a ampla liberdade e o exercício da soberania popular pelo voto livre adiantaram-se decisivamente aos demais. Os que preferiram o caminho oposto ficaram e vêm ficando para trás.
Esforço diário
Os últimos anos registram mudanças importantes no campo da comunicação, e não há quem possa ter a certeza de até onde vamos exatamente. Uma coisa é certa, no entanto: os protagonistas multiplicaram-se e ninguém mais detém isoladamente o poder de definir a opinião pública.
É como naquelas matas fechadas onde você ouve milhares de sons ininterruptos. Vale aqui também a lógica de Charles Darwin: sobreviverá quem mais cedo compreender que essa pluralidade veio para ficar, os que mais rapidamente decifrarem os zumbidos da mata e daí tirarem as necessárias conclusões.
Há quem preveja que nesse ecossistema a imprensa perderá importância. Eu penso diferente. Sempre haverá demanda pela informação produzida e distribuída profissionalmente. Aliás, quanto mais aumenta o número de emissores, maior é a procura por quem se disponha a decifrar o zumbido com boa técnica e honestidade intelectual.
A contrapartida também é óbvia. Se o público espera cada vez mais profissionalismo da imprensa, o público merece também que os governos, as empresas e as instituições em geral profissionalizem-se para prestar contas à sociedade. É nesse contexto que o mercado assiste ao florescimento das empresas de comunicação.
Nosso papel é colaborar para esse aspecto central do desenvolvimento democrático do Brasil. Para nós, a batalha da comunicação é o esforço diário, conjunto com os clientes, com o objetivo de oferecer à sociedade elementos para ela construir juízos de valor bem fundamentados.
Essa é a nossa missão na batalha da comunicação.
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Francisco Soares Brandão, 65, empresário, é sócio-fundador da FSB Comunicações