O que temos para hoje na grande mídia? O eixo Rio-São Paulo pintando na tela. O Brasil se resume a isso, no que mandam os meios hegemônicos. Porém, fatos o são em todos os lugares. Mas existe o ser supremo que dita às regras do jogo da notícia. O gatekeeper diz o que vai ser produzido e qual será a postagem em cores. É simplesmente o “cara”.
Pode ocorrer um fato noticiável ali, no norte do país. Todavia, deve haver sensibilidade por parte dos “senhores do poder midiático” em enxergar o dito feito. Somente assim veremos algo publicado. A palavra é essa, sensibilidade. Para isso é necessário conhecer a história, aprofundar em pesquisas e ter um olhar abrangente. É dito que um dos problemas para o regionalismo não ser pautado é a falta de recursos, de material bom para ser posto em rede. Isso, encaramos como um equívoco. Diariamente as afiliadas de rádio, sites e TV, enviam para as centrais materiais de ótima qualidade, que podem ser inseridos nas grades longitudinais de forma maestrina. O que existe neste caso é a carência de uma postura mais democrática por parte dos editores.
Algo ocorrendo comumente em todas as partes do Brasil terá atenção da grande mídia se o mesmo acontecer em São Paulo ou em seu eixo. Existe alguma relação com o fato da medição da audiência ser feita instantaneamente nesses grandes centros? Há regiões em que isto ocorre de forma incerta, como tiro no escuro.
Interpretamos o ponto em discussão como uma orientação para os supremos detectarem a real necessidade do público, que para os magnatas, esse público é top, merece maior e prioritária atenção. Se houver desdobramentos da notícia, será uma dificuldade encurtar os laços. Mesmo sendo filiadas, existem barreiras no contato, por conta da mania irritante das majoritárias em centralizar os fatos e os lucros.
Mesquinharia enraizada
Ligar a TV é o mesmo, muitas vezes, que abrir a janela da casa e ter bem perto – mesmo estando muito distante – a mesma garoa cinzenta de Sampa. O que vemos ao longo da história não é a pobreza do conteúdo local, mas sim, a amplitude do egocentrismo ao não dar voz ao todo. Fortalecer a grade regional, dando mais espaços na programação diária, dignificaria e resume um passo importante para a democratização da comunicação.
O regionalismo é pautado na sazonalidade. No verão, “vamos pedir belas imagens das praias do nordeste”. Tudo muito óbvio e repetitivo. E vem disso uma avalanche dos estereótipos. A região pode ser pautada o ano inteiro! Facilmente acomodaria as editorias de economia, ciência e tecnologia – ou não sabem que na região existe um centro de neurociência, com projetos fabulosos? Para citar um exemplo; ou na cultura da região centro-oeste?
Porém sentimos que existe é uma fome, isso mesmo, fome! Sendo alimentada pela mesquinharia enraizada nas pomposas redações. Regionalismo já existe na imprensa, mas com ressalva. O Brasil é gigante, o ego dos donos da notícia também. Pequeno mesmo é esse “regionalismo”, na matemática das cabeças “pensantes”, a conta fecha em dois ou três… estados.
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Francisco Júlio Xavier é poeta e jornalista