ELEIÇÕES 2006
Candidatos voltam a citar números errados em debate
‘Os dois candidatos à Presidência da República voltaram a repetir anteontem, no segundo debate pela TV do segundo turno, os mesmos exageros e gafes com números que cometeram no duelo da semana anterior. Até mesmo algumas perguntas foram formuladas da mesma maneira – como quando o presidente Lula questionou o tucano Geraldo Alckmin sobre a baixa avaliação dos estudantes de São Paulo no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
‘O candidato Lula está fazendo a mesma pergunta do debate anterior, e eu já expliquei para ele, mas vou explicar novamente’, disse o candidato do PSDB. Além disso, o presidente voltou a manipular os números sobre os investimentos em saneamento para tentar provar que seu governo teria feito em quatro anos mais do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em oito anos. ‘Investimos R$ 10 bilhões, 14 vezes mais que o governo passado em saneamento’, disse Lula, exatamente como tinha feito no debate da TV Bandeirantes.
Como informou o Estado na semana passada, o valor informado por Lula não correspondia ao gasto efetivo, mas aos recursos disponibilizados pelo Orçamento da União e pelo FGTS. Mesmo sob esse critério, o valor do governo Lula (R$ 9 bilhões até março de 2006) é inferior aos R$ 13,5 bilhões investidos pelo governo FHC. E essa informação é fornecida pelo próprio governo Lula em um documento conjunto dos ministérios das Cidades e da Fazenda, de dezembro de 2004.
Da mesma forma, o candidato do PSDB voltou a apresentar números positivos sobre a contenção de despesas em São Paulo que não correspondem aos dados oficiais do balanço orçamentário do Estado. Ele diz, por exemplo, que economizou R$ 4 bilhões em compras, mas o balanço oficial mostra que os gastos com aquisição de material de consumo cresceram de R$ 1,3 bilhão em 2002 para R$ 2,5 bilhões em 2005.
No total, a despesa de custeio da administração estadual passou de R$ 8,1 bilhões para R$ 13,7 bilhões em três anos – mais que o dobro da inflação do período. Só em serviços de consultoria, por exemplo, o governo paulista elevou sua despesa de R$ 52,8 milhões em 2002 para R$ 176,3 milhões em 2005, uma expansão de 233%.
Lula também exagerou ao tentar mostrar vantagem da sua administração na área de saúde. Disse que tinha criado 440 centros de saúde bucal. Na verdade, criou 200 e reformou outros 170 até agosto passado. Afirmou ter aumentando o número de agentes de saúde de 175 mil para 270 mil, mas o número correto é de 217 mil.
GASTOS NA SAÚDE
Quanto aos gastos totais na área de saúde, Lula disse que os mesmos tinham aumentado de R$ 28,3 bilhões em 2002 para R$ 44,4 bilhões em 2006. Este é o valor previsto no Orçamento deste ano, mas até o dia 10 de outubro, o gasto efetivo não passava de R$ 30,3 bilhões. No ano passado, por exemplo, a despesa ficou em R$ 38 bilhões, o que, descontando a inflação, é o mesmo gasto de 2002.
Comparando com o Produto Interno Bruto (PIB), conforme determina a emenda constitucional que criou o piso de gasto com a saúde, o investimento realizado em 2005 chega a ser até um pouco inferior ao de 2002 – 1,77% ante 1,89%. Ou seja, Lula não está cumprindo o que prevê a PEC, e sua equipe econômica por várias vezes já tentou derrubar o piso constitucional.
Pouco familiarizado com os números, lendo a maior parte deles de um relatório elaborado pelos assessores, o presidente cometeu alguns erros primários ao tentar improvisar. Isso ocorreu, por exemplo, quando citou o valor de US$ 75 bilhões das reservas cambiais e disse que o mesmo era maior até mesmo do que a dívida líquida do setor público. Qualquer pessoa que acompanhe as finanças públicas sabe que a dívida líquida do setor público supera o R$ 1 trilhão, ou seja, mais de US$ 450 bilhões – quase sete vezes mais do que as reservas exaltadas pelo presidente.
Lula também exagerou ao dizer que a economia, no seu governo, tinha crescido bem mais do que na administração FHC. Entre 1995 e 2002, o PIB cresceu 2,32% em média, enquanto entre 2003 e 2006 deve chegar a 2,68% no melhor das hipóteses – ou seja, uma diferença muito pequena.
Alckmin, por outro lado, criticou o governo Lula por manter a maior taxa real de juros do mundo, em torno de 10% ao ano, mas omitiu o fato de a mesma taxa ter atingido até 40% durante a gestão FHC, especialmente no primeiro mandato, quando serviu para manter o real artificialmente valorizado em relação ao dólar. Na prática, a política de juros dos dois governo foi muito semelhante, embora o tucano diga que Lula poderia ter reduzido mais a taxa Selic pelo cenário internacional favorável, ao contrário do período anterior.’
Marcelo Rubens Paiva
Os radicais
‘Eleitor 1: ‘O Nobel da Paz para Muhammad Yunus, de Bangladesh, é uma contraposição a essa iniciativa chinfrim do governo Lula, o Bolsa Família. Lá ensinam a pescar. Aqui… Olha o estrago que fez. Lula tem projeto: produzir uma horda de miseráveis de barriga cheia e roupa nova, que ganha uma bolsa para ficar sentada na varanda vendo o tempo passar, o que quebra a Previdência, bomba que ele não teve coragem de desarmar. O PT aparelhou o Estado que precisamos diminuir. Os cumpadres e companheiros assumiram postos de gente especializada. Deu na roubalheira. E o dinheiro da compra do dossiê? Tudo chega muito perto do presidente. Pode até ser verdade que foram os aloprados que ruíram com a ética no Poder, e que ele, Lula, não sabia, mas demonstrou que é despreparado para governar um país complexo e de contradições como o Brasil, e promoveu um descontrole na burocracia estatal. Estamos há quatro anos sem crescer, perdemos contratos importantes e a liderança da América Latina. Até a Bolívia nos humilha em público. Seu segundo mandato seria um desastre. Não teria apoio da sociedade civil nem blindagem do Thomaz Bastos. Meu voto é Geraldo. Não entendo por que tanto se critica FHC, que governou num período pacífico, economicamente saudável e de liberdade. Precisamos varrer a laia de corruptos pra bem longe. E, sim, cortar o Bolsa Família e oferecer microcréditos para as famílias pobres que querem trabalhar e desenvolver pequenos negócios. Como fez o Nobel da Paz.’
Eleitor 2: ‘FHC? Que traíra. Vendeu o País. E enfiou parte no bolso. Dele e dos comparsas. Depois, comprou a sua reeleição. Virou refém das grandes corporações e do PFL, os coronéis de sempre da política brasileira. Serra? Abandonou a Prefeitura de São Paulo, quando dissera na campanha que nunca faria. Homem sem palavra. Ninguém vai abrir as contas do Rodoanel? E as privatizações? As elites… Ah, as elites, que novidade, se juntaram pra impedir a reeleição, um golpe branco. A imprensa é da elite. Representa os interesses dos filhos do Brasil dourado das universidades públicas, onde pobre não entra. Viva a cultura do shopping center, condomínios fechados, clubes de tênis cercados por seguranças, prédios com grades. Enquanto Febens e presídios em rebelião. E a trama armada pelo delegado da Polícia Federal para prejudicar o PT? Repassou pros jornalistas as fotos do dinheiro para a compra do dossiê dois dias antes do primeiro turno. É, companheiro, a luta continua. Querem derrubar o primeiro governo de um operário, que investiu no social, criou o ProUni, abriu cotas para negros nas universidades, colocou na cadeia quadrilhas de sonegadores, peitou o jornalista do New York Times. A inflação está baixa, as reservas cresceram, o juro caiu. Foi um governante de boas idéias. Diminuiu o imposto do material de construção. Geraldo? O cara destruiu São Paulo, deixou um rombo de que ninguém fala, sem contar o caos na saúde, segurança e educação. Meu filho estuda numa escola de lata, que ele nega existir. Corrupção? Lula cortou da própria carne, demitiu amigos, mandou a PF investigar, prendeu, deixou as CPIs trabalharem. Quantos o FHC prendeu, e quantas CPIs engavetou? Voto Lula. Sempre votei PT. Vamos reconstruir o partido.’
Eleitor 3: ‘Não viu Geraldo abraçado com Garotinho dois dias depois de passar pro segundo turno? Não viu Lula com Delfim Netto? Heloísa Helena é uma incógnita, não sabe o que diz, seus assessores só falam besteira, como baixar o juro a zero. Mas votei no PSOL. Para protestar. E porque numa coisa ela tem razão: é tudo farinha do mesmo saco. Não voto no Lula. Nunca mais. A maior decepção da minha vida. Fui militante petista. Boca de urna, estrelinha, vendia rifas pra ajudar o partido. Em 2002, desprezei a Regina Duarte e comemorei na Avenida Paulista. Não dá, ele traiu o PT, o sonho que tínhamos de um partido honesto e democrático. E Geraldo? Não é ligado à Daslu e Opus Day? Sei não. Voto nulo. Sem mais. Nunca haverá a revolução que o PT não fez. O poder corrompe. Pode escrever. E se eu encontrar a Regina Duarte, pedirei desculpas. Me dá licença, que tenho mais o que fazer.’
Eleitor 4: ‘Veja a ironia, se não fosse o regime militar, o Lula não estaria aí. É, ele foi cria do Golbery, que precisava de uma marionete para rachar a oposição, e o Poder não cair nas mãos do Brizola e Arraes, que voltavam do exílio. Você já viu o Lula criticar os militares? Até elogiou o programa econômico do antigo regime. Diz com orgulho que, na época, operário tinha fusquinha. O SNI permitiu as greves e comícios do ABC, para esvaziar os movimentos sociais, como o de intelectuais, artistas e estudantes esquerdizantes, e calar o Dom Paulo, este sim perigosíssimo. Ulysses Guimarães caiu em desgraça graças ao metalúrgico de boné que imitava Lech Walesa. Fala se Golbery não era um gênio? Nunca votei no Lula. Estava na cara que ia dar nisso. O sujeito é um analfabeto, não conjuga direito, não fala inglês, nunca governou, a não ser sua gangue sindical. Óbvio que um nordestino rancoroso que não freqüentou boas escolas, nunca foi ao teatro, a um concerto, que não lê um livro, que discursa fazendo referências ao futebol, seria um péssimo presidente. Nós avisamos. Mas a intelectualidade provinciana filiou-se à nova esquerda, infiltrou-se na imprensa, nos sindicatos. A queda do muro veio alimentar uma utopia fajuta baseada num partido comandado por velhos militantes, muitos oriundos da luta armada. Foi de envergonhar a posse em 2002 com terroristas como José Dirceu e Genoino sorrindo sadicamente. Vergonha o presidente do meu país ler as perguntas no debate presidencial da Band como um aluno do Mobral em dificuldades numa aula de leitura oral. E adianta votar nos tucanos? O seu ideal antinacional alienou um patrimônio construído com muito suor, como a Vale do Rio Doce e a CSN. Agora vão embolsar a Petrobrás e o Banco do Brasil, pode anotar. Está tudo uma baderna, uma corrupção institucionalizada. É duro falar o que vou falar, mas a sociedade brasileira não amadureceu. Precisa de um comando, digo, de um governo mais enérgico, nacionalista. Voto em branco.’’
MÍDIA IMPRESSA EM CRISE
O Estado de S. Paulo
Cai o faturamento de jornais dos EUA
‘The New York Times e Tribune dizem que a fraqueza no 3º trimestre se deveu à falta de anunciantes
Mais uma vez, os jornais mostraram sinais de enfraquecimento, após o anúncio de que a New York Times Company e a Tribune Company apresentaram queda em seus faturamentos. Ambas citaram a baixa venda de anúncios como razão para esses resultados.
No Times, a queda ‘deve continuar até o fim do ano’, disse Janet Robinson, diretora executiva da empresa. A Times Company teve uma queda de 39% nos lucros no terceiro trimestre, comparado ao mesmo período do ano passado. Além de ser atingida pelas quedas dos anúncios em diversas categorias, a empresa sofre com a crise econômica na região de New England, onde controla o Boston Globe.
O Tribune apresentou alta, graças, porém, a um único ganho. Se excluído esse ganho, os lucros da companhia ficaram abaixo do esperado por Wall Street: US$ 0,02 por ação.
No The Wall Street Journal, os lucros caíram de US$ 12 milhões em 2005 para US$ 9 milhões este ano. A Dow Jones, controladora do periódico, afirmou que o volume de anúncios caiu 5,9% em setembro, comparado a setembro de 2005.
O New York Times Media Group (que engloba o jornal The New York Times, o nytimes.com, o International Herald Tribune e o IHT.com) teve queda nos lucros com anúncios de 4,1%, e queda de 0,3% na circulação. Os anúncios do New England Media Group, cujo maior negócio é o The Globe, caíram 12,4%. A circulação do jornal teve queda de 5,7%. Ambos os grupos fazem parte da New York Times Company.
Ao ser questionada em uma conferência com analistas financeiros se a empresa pensava em vender o The Globe, a diretora-executiva Janet Robinson disse que a política da companhia é não comentar esses assuntos. ‘O The Globe é parte muito importante de nosso portfólio e já demos passos para melhorar sua performance.’ Alexia Quadrini, analista de mídia da Bearn Stearns, disse que o The Globe ‘por muito tempo drenou as finanças da empresa e que muitos investidores gostariam de vendê-lo.’ Ela afirmou que crê na venda do jornal, mas não a curto prazo.’
TELEVISÃO
SBT estréia hoje Bailando por um Sonho
‘Você vai achar que está vendo a RAI Internacional, canal italiano sintonizado na TV paga. Um cenário com cara de Las Vegas abrigará um enorme pista de dança que reluz. Júri com toda pompa, participantes com trajes de gala de miss comprados ou alugados especialmente para a atração. E, no centro de tudo, eis que surge ele, Silvio Santos, comandando a noite. Isso é o que se espera de Bailando por um Sonho, que estréia hoje, programa em que famosos e anônimos competem encarando o desafio da dança de salão.
Qualquer inspiração no sucesso do quadro Dança dos Famosos do Domingão do Faustão não é coincidência. O programa que irá ao ar aos sábados, às 22h30, inicialmente seria uma versão brasileira do americano Dancing With The Stars. SS deu um mexidinha aqui, outra ali, e o formato de sucesso se tornou um Frankenstein que não precisa de direitos autorais pagos. Já conhecemos essa história.
Semanalmente 10 trios formados por um artista, um coreógrafo e um sonhador anônimo (algum telespectador escolhido pelo SBT ) disputarão a competição de dança. O famoso dança metade da música com o coreógrafo e a outra metade com o anônimo. A nota será dada pelo ‘conjunto da obra’ da dança.
Quatro jurados especializados darão as notas (uma delas secreta, que só será aberta no final de cada edição), que levarão para a berlinda semanalmente dois trios. É aí que entra o público, que via ligação telefônica ou internet eliminará um dos trios. Toda semana haverá dois trios na berlinda.
‘Mostraremos imagens dos ensaios, dos tombos, serão duas horas de programa’, fala o diretor da atração, Galvão França. ‘Os participantes estão ensaiando juntos há três semanas.’
Na lista dos famosos participantes estão Luciana Vendramini, Analice Nicolau, Alexandre Barillari, Fernando Scherer (o Xuxa), Lucas Poleto (vencedor do programa Ídolos), Sidney Magal, Valéria Valenssa (a Globeleza), Patrícia Salvador (assistente de Silvio), Virgínia Nowicki e Reinaldo Ritts (ator do SBT).
A cada etapa vencida os anônimos ganham R$ 10 mil. O sonhador finalista levará R$ 100 mil para realizar o seu sonho, anunciado no início do programa. Ao entrar no palco, o anônimo conta para Silvio qual sonho o moveu a participar do concurso.
Já o famoso e o coreógrafo vencedores levarão um relógio de ouro. E só. Coisas de Silvio Santos.
Vesgo, Silvio e o alemão
Eles foram a sensação da entrevista coletiva concedida por Schumacher no Brasil. Vesgo e Silvio entregaram ao piloto uma tartaruga de brinquedo em alusão a Rubens Barrichelo. O alemão entrou na brincadeira. As cenas vão ao ar amanhã no Pânico na TV!, via RedeTV!’
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