Todo ano, em seu aniversário, a revista The New Yorker, ícone editorial e cultural americano, encomenda a artistas uma interpretação do famoso mascote de monóculos Eustace Tilley, que figurou na capa da primeira edição, em 1925.
Ao celebrar 90 anos nesta semana, a revista foi além e levou para as bancas nove capas com variações do mascote, assinadas por seus ilustradores mais célebres. “Desde 1994, o dândi da revista já foi parodiado, subvertido e desconstruído”, escreveu a diretora artística da publicação, Françoise Mouly. “Contribuições de nossos artistas e também leitores incluem versões do Tilley em quadrinhos, como cachorro, tatuado e até em emoji.”
Os destaques editoriais da semana são uma espécie de versão vitaminada daquilo que a revista se tornou conhecida por misturar bem: alta cultura e verve pop.
Nas páginas nonagenárias estão um texto inédito do japonês Haruki Murakami, autor de “1Q84”, um perfil do designer da Apple Johnny Ive, assinado por Ian Parker, e um artigo da escritora britânica Zadie Smith sobre a dupla de comediantes Key & Peele.
Edição histórica
Para gerar interesse de anunciantes em torno da data, a editora Condé Nast, que publica a revista, produziu entrevistas com seus melhores escritores, levantou fatos históricos e ofereceu até uma retrospectiva com comerciais antigos publicados em suas páginas por 90 de seus mais tradicionais anunciantes.
Cada exemplar comemorativo traz três capas diferentes, oferecidas pela relojoaria de luxo Rolex, que também veicula comerciais na edição mobile da publicação.
Campanhas publicitárias multiplataformas foram desenvolvidas em parceria com uma agência da própria revista. Entre os anunciantes estão os escritórios de turismo do México e das ilhas Bermudas, o banco HSBC e a grife de luxo Louis Vuitton.
Bermuda brincou com a famosa capa de Saul Steinberg, de 1976, que mostra o mundo a partir da 9ª Avenida (“A View of the World from 9th Avenue”). Aos olhos de autocentrados nova-iorquinos, o resto do mundo se resume ao outro lado do rio Hudson.
O número redondo e a agressiva estratégia comercial deram frutos: o número de páginas de anúncios cresceu 173% em relação à edição comemorativa de 2014. E a receita publicitária da edição digital de fevereiro deve subir 112% nessa comparação.
Antecipando o interesse pela edição histórica, a Condé Nast aumentou a distribuição em banca em 20%. A New Yorker tem 1 milhão de assinantes pagos e vende, em média, 31,4 mil exemplares avulsos por semana.
A revista ainda festejou nesta semana o anúncio de que a série de documentários The New Yorker Presents terá temporada completa no serviço de streaming da Amazon, após o sucesso do episódio piloto.
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Mariana Barbosa, da Folha de S.Paulo