Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A violência contra a mulher é um problema mundial

Machismo é a atitude de quem não aceita a igualdade de direitos entre o homem e a mulher. É fato que o Brasil é um país machista. Ao longo de nossa história, as mulheres são as maiores vítimas de discriminação, de violência, de violações e de abusos. Esclareço com um exemplo: a luta pelo voto feminino no país é resultante de muitas lutas. Em 1927, o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a permitir o voto feminino. Contudo, esse direito só foi conquistado pelas mulheres a partir de 1946. Em 1932, somente as mulheres casadas – com permissão do esposo – viúvas e solteiras em condições de se sustentarem, podiam votar.

Como é sabido, após lutas intensas, nas últimas décadas, as mulheres avançaram em muitas áreas. Mas, as desigualdades persistem e os homens ainda ganham mais. Apesar da Lei Maria da Penha (2006), a violência doméstica não diminuiu. Um dado que chama atenção: O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, de 2001 a 2011, ocorreram mais de 50 mil feminicídios, que é o termo que designa a violência contra a mulher, que pode resultar em sua morte. Segundo as Nações Unidas (ONU), de sete em cada 10 mulheres no mundo poderão ser violentadas a qualquer momento.

Tipos mais comuns de agressão contra a mulher: ataque verbal, abuso emocional, violência física e sexual, violência doméstica e familiar. Para tanto é bom lembrar que, em São Paulo (2011), aconteceu a primeira Marcha das Vadias. O movimento revela que 15 mil mulheres são estupradas anualmente no país. Um olhar mais atento mostra que a violência contra a mulher negra é maior. Infelizmente, a violência contra a mulher é um problema mundial. Na realidade, é preciso mais rigor e punição aos agressores. É fundamental, ainda, investir mais em educação para combater o preconceito.

Quanto à mídia, seu discurso muitas vezes reforça a violência e o preconceito em relação à mulher. Revistas femininas, quase sempre, se eximem de abordar em profundidade a questão. Até mesmo os jornais, em seus artigos, não dão tanta importância. O jornalista Alberto Dines faz um alerta: “Meio milhão de estupros e violências contra a mulher ocorrem no Brasil.” Deixo uma reflexão: todo abuso é fruto de impunidade, frouxidão da lei e das autoridades. Enfim, mesmo não tendo muito o que comemorar, o dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Tem mais ainda: para denunciar abusos e violência contra a mulher, ligue grátis para o telefone 180.

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Ricardo Santos é professor de História e jornalista