As re-jornadas de junho já estão sendo anunciadas na grande e pequena imprensa, TV e rádio nacionais, podendo inclusive ser antecipadas para março (data histórica até mais plausível), além de já servirem de tema de reuniões de cúpula do PSDB, logicamente de apoio. As novas manifestações contra a presidente e o PT têm até um novo slogan: “Governe para todos – ou renuncie”. A chamada de ordem foi lançada pelo geógrafo Demetrio Magnoli, discípulo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu artigo de sábado (28/3), na Folha de S.Paulo: “A Hora e a História”.
O artigo encimou a reportagem “Clube Militar critica Lula por incitar confronto” e noticia encontro-almoço do PSDB, na capital paulista, estrelado pelos cardeais tucanos: senadores Aécio Neves, Cássio Cunha Lima, José Serra, Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, onde se chegou a “um consenso sobre os movimentos que pedem o impeachment de Dilma: defenderão as manifestações, mas sem envolver o partido, segundo um dos participantes do almoço”. Algo assim como Pilatos e Cristo, tendo acrescentado o senador Aécio Neves: “Quanto mais populares, mais fortes serão os protestos”.
Até aí morreu o outro Neves, mas Magnoli já tem uma nova bandeira. “Se a presidente”, diz em seu artigo, “cega e surda, prefere persistir no erro, resta apontar-lhe, e a seu vice, a alternativa da renúncia, o que abriria as portas à antecipação das eleições.”
“O líder da greve dos caminhoneiros”
Fechando a mesma página da Folha de S.Paulo, vinha a notícia de rodapé: “Ativista agredido no Rio prevê ano de direita”, com o intertítulo: “Defensor do impeachment diz que votou em Aécio, mas aposta Bolsonaro na Presidência”. O personagem é Luiz Eduardo Oliveira, que se apresentou como corretor de imóveis e “ativista anti-PT!”, depois de fotografado numa briga de rua com membros da CUT na cidade do Rio de Janeiro, às portas de uma palestra do ex-presidente Lula, na Associação Brasileira de Imprensa – ABI. Praticante de artes marciais e ex-soldado da Aeronáutica, Eduardo falou depois da briga. “Pulei e dei um soco no cara, que chegou a estourar os óculos do sujeito.”
Ele comentou ainda: “O Brasil está virando uma ditadura comunista”, acrescentando se informar pelas redes sociais. “Não acredito nas TVs, estão todos a serviço do PT.”
Nota: Depois da reunião do PSDB, no mesmo dia na cidade de São Paulo, o senador José Serra, dentro do carro, pegou seu telefone e postou na sua rede social uma fotomontagem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a legenda: “Descoberto o líder da greve dos caminhoneiros”.
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Zulcy Borges é jornalista