Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Vídeo ao vivo é próxima onda ‘social’

Sorridente, a modelo americana Tyra Banks conversou descompromissadamente com uma audiência cativa no começo desta semana, ao mostrar seu novo corte de cabelo. Em um dado momento, ela mostrou uma mecha castanha aloirada e perguntou: “Vocês gostam agora?”

Tyra não estava no set de filmagem de seu programa de televisão ou atuando como modelo na passarela da New York Fashion Week. Ela estava se dirigindo à câmera de seu smartphone enquanto usava a versão de testes do Periscope, um aplicativo de transmissão de vídeo em tempo real, ou live streaming, que o Twitter introduziu ontem. A ferramenta faz parte de uma onda de apps do tipo com nomes como Meerkat e Camio que estão fazendo grande sucesso nas mídias sociais.

A premissa do Periscope, Meerkat e outros é simples: capture um vídeo de você mesmo fazendo qualquer coisa, desde explorar uma nova cidade a brincar com seu cachorro, usando a câmera do seu smartphone. Os apps avisam os outros que você está transmitindo um vídeo pessoal ao vivo e você pode compartilhá-lo com seus amigos e seguidores.

O conceito não é novo e já esteve por trás de vários fracassos de startups no passado. Por anos, empreendedores tentaram fazer o streaming ao vivo de vídeo virar um fenômeno de massa, com empresas como YouNow, Justin.tv e Livestream oferecendo alternativas para transmissão pessoal.

Recentemente, porém, vem ocorrendo uma espécie de renascimento desse tipo de aplicativo. E empresas como o Twitter e investidores de risco empolgados estão gastando milhões de dólares no que pode ser a próxima grande mania entre consumidores.

“O mundo está bem mais preparado para isso do que estava há um ano”, disse Kayvon Beykpour, presidente e cofundador do Periscope, que o Twitter comprou este ano. “Temos a vantagem de entrar nesse mercado quando as pessoas estão mais acostumadas com a ideia de transmissão ao vivo”.

Avanço

Por trás da mudança estão avanços tecnológicos e a onipresença dos smartphones, bem como um público muito mais confortável com a ideia de revelar informação pessoal na rede através de texto e fotos.

Com os novos apps de vídeo, o comediante Jimmy Fallon transmitiu ao vivo o ensaio de um monólogo para o seu programa noturno de televisão e investidores de risco do Vale do Silício experimentaram aparecer diante de câmeras enquanto gravavam podcasts ou realizavam apresentações.

“Os bolsos do mundo estão cheios de boas câmeras e boas telas com bons planos de dados e boas plataformas sociais que informam que você está transmitindo”, disse Chris Sacca, fundador e presidente do conselho da Lowercase Capital e um investidor inicial do Twitter.

Existe, entretanto, uma história de fiascos de aplicativos de vídeo. Viddy, uma startup de captura de vídeo, foi queridinha do Facebook em 2012 e levantou dezenas de milhões de dólares, chegando a ser chamada de “Instagram do vídeo”. Seu rival Socialcam era visto da mesma maneira. Ambos os apps provaram ser efêmeros ou foram adquiridos depois que o interesse dos consumidores se dissipou no espaço de um verão.

Isso não tem sido um impedimento para o Twitter apostar nessa tecnologia. A empresa gastou perto de US$ 100 milhões para comprar o Periscope meses atrás, antes mesmo de o aplicativo ter estreado, segundo pessoas a par do assunto.

Seu maior competidor é o Meerkat, destaque no festival de inovação South by Southwest deste ano e muito utilizado por consumidores e celebridades. Poucos dias depois de ter sido lançado, o Meerkat explodiu, se tornando o 177º aplicativo mais baixado dos Estados Unidos e o 22º mais popular na categoria de rede social. Na semana passada, a empresa anunciou ter recebido um aporte de US$ 14 milhões.

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Mike Isaac e Vindu Goel, do New York Times