A cerimônia do 15º Prêmio Repórteres Sem Fronteiras – Fundação da França foi realizada em Paris nesta terça-feira [12/12/06], homenageando as seguintes categorias: jornalista, meio de comunicação, defensor da liberdade de imprensa e ciberdissidente. Os premiados foram o jornalista U Win Tin, de Mianmar (nome dado à antiga Birmânia pelo regime militar vigente), o jornal russo Novaya Gazeta, a organização Journaliste en Danger, da República Democrática do Congo, e o ciberdissidente cubano Guillermo Farinas Hernandez.
Tin, o jornalista do ano que, através de seu trabalho e atitude, demonstrou forte compromisso com a liberdade de expressão, foi condenado a 20 anos de prisão por ‘subversão’ e ‘propaganda antigovernamental’ em 1989. Depois de mais de 17 anos na prisão e com a saúde debilitada, Tin, de 76 anos, não desistiu de lutar pela liberdade de imprensa. Da prisão, ele se recusa a renunciar seu compromisso com a Liga Nacional pela Democracia, do qual é fundador. Os outros indicados na categoria de jornalista foram Dawit Isaac (Eritréia) e Hollman Felipe Morris (Colômbia).
O bi-semanário russo Novaya Gazeta, onde trabalhava a jornalista Anna Politkovskaya, é um exemplo da luta pelo direito de informar o público. O jornal publica regularmente investigações de corrupção na administração russa. Os fundadores da publicação esperam continuar sendo independentes e expandir a circulação no país. O Democratic Voice of Burma, de Mianmar, o Uthayan, do Sri Lanka, e o An-Nahar, do Líbano, também foram indicados para receber o prêmio.
A organização Journaliste en Danger (JED), com sede na República Democrática do Congo, foi fundada em 1997 pelos jornalistas Donat M´Baya Tshimanga e Tshivis Tshivuadi. A JED é a organização de defesa de liberdade de imprensa mais ativa e respeitada da África. As outras indicadas na categoria: Centro de Periodismo y Etica Pública (CEPET), no México, Tadjigoul Begmedova (Turcomenistão) e Anwar al-Bunni (Síria).
O cubano Guillermo Fariñas Hernández, diretor da agência de notícias independente Cubanacán Press, começou uma greve de fome em fevereiro de 2006, para protestar pelo acesso a uma ‘internet livre’ para todos os cubanos. As autoridades forçosamente o hospitalizaram para pôr fim à sua manifestação, atitude que atraiu ainda mais a atenção da mídia internacional sobre o caso. Hernández afirmou que está pronto para morrer a fim de que seus compatriotas tenham o direito de ficar informados. Ele está em tratamento intensivo desde agosto, por problemas de coração e fígado. Quando as autoridades lhe ofereceram acesso ‘limitado’ à rede, ele recusou, argumentando que não poderia exercer sua profissão como jornalista apenas tendo acesso a notícias filtradas pelo governo. Habib Saleh, da Síria, e Yang Zili, da China, foram os outros indicados na categoria de ciberdissidente.
Homenagem a Gibran Tueni
Gibran Tueni, publisher do diário An-Nahar, foi assassinado em uma explosão de um carro-bomba em Beirute, em dezembro de 2005. Ele foi o terceiro jornalista libanês atacado com bombas em pouco mais de um ano – seis meses antes, o colunista do An-Nahar Samir Kassir também foi morto; a apresentadora de TV May Chidiac sobreviveu ao seu atentado em setembro de 2005, mas perdeu um braço e uma perna. As investigações sobre os ataques foram adiadas, devido a obstáculos políticos e à violência que continua a afetar o Líbano.
O prêmio Repórteres Sem Fronteiras – Fundação da França é concedido desde 1992, para atrair a atenção da opinião pública para os ataques ao direito de informar e ser informado, e para a necessidade de apoiar ativamente uma imprensa livre. Cada homenageado recebeu 2.500 euros. Diversos vencedores do prêmio foram libertados semanas ou meses depois de serem laureados.