Lamentavelmente, não tenho tempo para assistir mais vezes a esta garotinha genial e espontânea, manifestando sua alegria para o deleite de crianças de todas as idades. Para um velhinho de 57 anos e sem filhos, a sensibilidade para com os filhos dos outros é notória.
Daí, lamentar a notícia de que a ‘Vara da Infância proíbe Maísa de trabalhar no Programa Silvio Santos’ [ver aqui].
Condeno a falta de sensibilidade deste juiz. Espero que seja por excesso de zelo em proteger nossa Shirley Temple, e não por algum outro motivo que seja escuso. Minha crença na caixa-preta que Lula percebe na justiça brasileira, bem como nos Gilmar Mendes que a aplicam, não é nada positiva.
Antes de abortar um talento florescente como o desta ‘ídala’ da garotada de qualquer faixa cronológica, ele teria sido mais justo se determinasse condições para evitar que houvesse qualquer dano à nova ‘rainha dos baixinhos’. Como, por exemplo, determinando que um profissional devidamente credenciado acompanhasse o trabalho e outras atividades da garota, de forma a assegurar que realmente tudo funcionasse perfeitamente.
Diferença dos apresentadores
Lamentavelmente, num país com 74% de analfabetos e semi-analfabetos, cujo caráter é dominado pela emoção, sentimentos e paixão, graças à nossa cultura íbero-católica-latino-americana, em oposição à cultura anglo-saxã-protestante, a tendência é se discutir o tema de forma superficial, maniqueísta e reducionista.
A questão que nos surge, então, é se seria possível ou não evitar que tal atividade interferisse no desenvolvimento da infância da Maísa, bem como no de seu enorme talento.
Estou certo de que o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, bem como o Conselho Federal da categoria, tem orientações seguras para fornecer de tal forma a proteger todos interesses em jogo, inclusive o deste adolescente mesocentenário. Ou vice-versa!
Uma amiga minha, ao ler este texto comentou: ‘Por que só agora isto aconteceu, já que Maísa já fazia os programas do Raul Gil, que foi o primeiro a colocá-la na telinha?’ Uma diferença dos apresentadores: o Raul a tratava com grande respeito, como uma criança muito inteligente e carismática, como um avô, estimulando sua espontaneidade.
Acompanhamento psicológico
O Silvio, ‘sabiamente’, percebe o ouro que estava limitado à Record, foca a imagem da Shirley Temple, uma preciosidade, e semanalmente passa a instigar Maísa com perguntas capciosas, como se ele fosse um amiguinho… Nessa, ele se dá mal. Em um dos últimos programas de domingo (eu estava assistindo), Sílvio Santos ouve de Maísa que ele tem a pele feia de tanto esticar com plástica, que é chato e outras coisas do gênero. Ele, é lógico, só sabia rir e ficou na maior saia justa… Moral da história, a meu ver: não se deu ao respeito e saiu desrespeitado… Por que logo agora ela não poderá mais fazer televisão? Estranho… Coisas de quem tem muito poder não só na mídia…
Escrevi este texto antes do Observatório da Imprensa de terça-feira (26/5), o qual acrescentou, na voz de Alberto Dines: ‘Maísa somente vai poder trabalhar com acompanhamento psicológico. Uma pena que não foi exigido também para o apresentador!’
******
Engenheiro civil, militante do movimento pela democratização da comunicação e em defesa dos Direitos Humanos, membro do Conselho Consultor da Câmara Multidisciplinar de Qualidade de Vida (CMQV)