Na reportagem ‘Profissão de risco’ (IstoÉ 2064), as jornalistas Adriana Prado e Maíra Magro traçam um quadro desalentador da educação pública brasileira, registrando um cenário em que os alunos não se interessam pelas aulas e não manifestam civilidade, chegando a agredir e torturar os mestres… Um horror!
Num contexto desses – acredita-se –, a histórica pauta salarial dos professores acaba ficando em segundo plano. Paz parece ser a palavra de ordem.
É necessário um esforço concentrado de todas as autoridades no sentido de detectar causas e viabilizar uma solução o mais urgente possível. Embora se reconheça que a situação afeta também a rede privada, é notório que há uma popularização do ensino público e, por consequência, a escola recebe segmentos sociais antes distanciados da educação formal. Programas governamentais de incentivo financeiro à presença das crianças nas escolas constituem, também, iniciativa muito válida no sentido de diminuir a evasão escolar e assegurar formação aos brasileiros.
O resultado – parece bem lógico deduzir – são salas de aula quase sempre repletas e heterogêneas, dificultando sobremaneira o trabalho dos professores, que, além de ensinar, precisam preservar a ordem à custa de muito sacrifício. Nesse contexto, acredita-se, há aqueles que conseguem administrar melhor as situações de conflito e outros que, na tentativa de fazer prevalecer uma autoridade, muitas vezes imposta por regimentos escolares, entram em confronto com os estudantes e o diálogo saudável deixa de ser arma poderosa.
Um esforço conjunto
O ideal mesmo – diria o saudoso Leonel Brizola – seriam escolas de tempo integral, onde a garotada assistisse às aulas, se alimentasse, praticasse esportes e fizesse as tarefas escolares. Escolas que acolhessem com extremo carinho do Estado, que pagariam bem aos educadores e promoveriam, com a excelência de seu trabalho, o amor das crianças pela instituição que as acolhera. Uma utopia?
O que parece estar acontecendo, entretanto, é que, na tentativa parcial de relevar a educação tornando-a universal, os professores acabam sendo os mais sacrificados. Tornam-se prementes políticas públicas que busquem reduzir o número de alunos nas salas de aula e incentivem práticas de diálogo entre professores e alunado. Não parece um despropósito, também, imaginar uma saudável conexão das escolas públicas com as universidades, que forneceriam estagiários para colaborarem com os professores.
É necessário esforço conjunto no sentido de resgatar a imagem do educador, sob pena de afastarmos a juventude do magistério e de tão cedo não vermos mais um governante que, como o nosso D. Pedro II, queria ser professor.
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Professor de Língua Portuguesa no Instituto Federal do Sudeste Mineiro; autor de Português; teoria e prática, pela Ática