Os canais de TV da Índia usam freqüentemente operações com câmeras escondidas para expor corrupção de oficiais do governo e calamidades sociais, o que tem deixado alguns políticos bastante irritados. A irritação é tanta que eles tentam limitar o poder da mídia, noticia Tripti Lahiri [AFP, 11/12/06].
Há um ano, telespectadores indianos ficaram horrorizados ao assistir a uma situação armada na TV que mostrou 11 políticos estabelecendo preços para levantar algumas questões no Parlamento. A revolta do público gerou uma investigação e a expulsão dos políticos. Na Índia, aproximadamente 1/4 das mais de 540 pessoas eleitas para o Parlamento em 2004 enfrenta acusações criminais, incluindo de assassinato e estupro. ‘A mídia está apenas refletindo a fúria do público’, opina Sagarika Ghose, editor e âncora do canal CNN-IBN.
A política não é o único alvo dos canais de TV. As mazelas sociais são muitas vezes escondidas debaixo do tapete na nação de 1,1 bilhão de pessoas, na qual quase 1/3 vive com menos de um dólar por dia. ‘Você vê médicos cortando os membros de pedintes, você vê orfanatos que funcionam como bordéis, você vê crianças sendo vendidas’, conta Ghose. ‘Os canais de TV estão expondo tudo isto’.
Corrida pela audiência
Há atualmente 40 canais de notícias na Índia atingindo mais de 60 milhões de lares; há 15 anos, existia apenas uma emissora estatal. Inovações como câmeras de celulares e mudanças legais como o Ato de Direito à Informação tornaram mais fácil para a mídia investigar atos de corrupção. A ampla competição entre as estações de TV também estimula o ‘jornalismo de impacto’, como é chamado este tipo de jornalismo investigativo no país.
A Suprema Corte da Índia expressou preocupação sobre estas operações, alegando que elas são feitas para arrecadar dinheiro. Políticos consideram a criação de normas para a mídia em uma nova lei em elaboração.