O clima de contagem regressiva já está instalado: há cerca de duas semanas toda a mídia trombeteou – faltam 500 dias!
E o que é que isto significa? Vai dar certo – ainda faltam 500 dias ou não vai dar, só faltam 500 dias.
Balizados pelos advérbios ainda e só, balançando entre uma tênue esperança e a atroz ansiedade, estamos condenados a viver os próximos 485 dias antes do início da vigésima nona edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, os primeiros disputados na América do Sul.
Pouco adianta a experiência da última Copa do Mundo – tratava-se de uma única modalidade esportiva disputada em doze arenas espalhadas pelo país. Agora são quarenta e duas modalidades a serem disputadas por duzentos e cinco, repito, duzentos e cinco países.
E a Cidade Maravilhosa, aguentará os quase 500 mil visitantes estrangeiros? A infraestrutura estará apta a movimentar quase 10 milhões de espectadores nos 33 locais ao longo de dezessete dias? Agora pensem nos 25 mil jornalistas que cobrirão o megaevento durante 24 horas/dia, fora os outros 10 mil que percorrerão a cidade, usando um sistema de telecomunicações que em condições normais não prima pela confiabilidade.
Esta edição do Observatório da Imprensa não pretende tirar o sono de ninguém, muito menos embalar as autoridades no sonho do sucesso garantido.
Quem sobreviver, verá.