CARTAS
DOSSIÊ PERFÍDIA
Com grande pesar soube que o papel da imprensa brasileira, à exceção de poucos, mais uma vez é estar a serviço da omissão em questionar os fatos. Para mim, o Observatório da Imprensa cumpriu o seu papel em proporcionar momentos tão essenciais de informação, graças ao profissionalismo da equipe. O meu muito obrigado.
Ivson Vivas, Salvador
Isto prova que o Big Brother está vivo e que há muito mais do que simples resquícios do autoritarismo de tempos atrás.
A única certeza que tenho sobre esse assunto é o seguinte: não vou mais conseguir ver o Observatório como antes, com imparcialidade. Uma pena!
Quer dizer que voltamos ao regime de censura prévia? Pelo menos com os militares tínhamos a quem culpar e execrar! Atitudes indignas como essa nos levam aonde? O Talibã é aqui!
Pela trajetória jornalística de Alberto Dines, seria estranhável que seu programa aceitasse arbitrárias pressões vindas de cima. Mas, confesso que seu argumento sobre um hipotético prejuízo ao trabalho do amigo-jornalista não é, convenhamos, convincente. Não seria o caso de, com transparência e ao vivo, informar os telespectadores acerca da situação real (Roda-Viva, na entrevista com Mino Carta – a pedido deste –, informou que muitos jornalistas também "fugiram da raia") e entrevistar o corajoso jornalista que comparecera ao seu programa, bem como o autor do livro-censurado?
Enviei à Folha a mensagem abaixo.
Caio Navarro de Toledo, professor de Ciência Política da Unicamp x
"Exemplar e paradigmática a foto de
capa da Folha (8/2/01) em que ACM é consolado em seu choro pelo
deputado José Genoino (PT/SP) que, compungidamente, lhe dá a mão.
Entre outras coisas, pois, ficamos sabendo que Toninho Malvadeza também
tem sentimentos (ou ‘os brutos também choram’), e que lideranças
nacionais do PT – dias atrás, a senadora Benedita também trocava
afagos com ACM – substituem a luta político-ideológica pela confraternização
universal. Tempos atrás, na literatura crítica, tais gestos eram
sintetizados pela expressão ‘cretinismo parlamentar’. No caso particular
do aguerrido deputado Genoino, o eleitoralismo (a busca de aliança para
a sucessão do governo de São Paulo) parece explicar a ‘civilidade’
– oportunista e sem princípios – de seu eloqüente gesto. Atenciosamente,
Caio Navarro de Toledo"
Gostaria que Alberto Dines comentasse as observações feitas periodicamente pelo jornalista Hélio Fernandes sobre o programa Observatório da Imprensa e sobre o caso do cancelamento do programa sobre Memórias das Trevas. Pois o Hélio Fernandes exagera, mas periodicamente confirmam-se observações feitas por ele.
Corival Alves do Carmo, Brasília
Gostaria de que Alberto Dines comentasse a coluna do jornalista Helio Fernandes, na Tribuna da Imprensa de 9/2/2001.
Helton J. Reis
Nota do OI: A resposta
de Alberto Dines a Helio Fernandes está abaixo, na retranca Aspas
desta rubrica.
Gostaria de parabenizá-lo pela transparência com que tratou o lamentável fato de o programa de 6/2 não ter ido ao ar. Na minha opinião, esta atitude só tem a contribuir, e ratifica ainda mais sua credibilidade como editor deste respeitável programa.
O ocultamento pela mídia do livro Memórias das Trevas, de J.C. Teixeira Gomes, crítica que o Observatório da Imprensa vem fazendo aos jornais e TVs, foi praticada pelo seu editor-chefe. A cumpadragem [compadrio] dele com o Sr. Barbosa Lima não é de interesse do leitor e da opinião pública. A recusa de tantos jornalistas é significativa, e o programa deveria ir ao ar como possível, sendo sintoma dos inimagináveis poderes do Sr. ACM.
Amigos do Observatório, em poucos meses parece novamente que os donos de empresas jornalísticas tentam censurar Alberto Dines. É um abuso à ética jornalística e à moral da classe. Espero que interesses mercadológicos não destruam um programa de tão alto nível, base para muitos alunos de Jornalismo como eu.
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